A hora de parar (publicado originalmente em 2/3/2024)
Paulo Roberto Falcão, melhor jogador da história do Internacional de Porto Alegre e o ‘Rei de Roma’, ao defender o clube italiano, costuma dizer que o atleta de qualquer modalidade, sobretudo o de futebol, morre duas vezes: quando termina a carreira e ao ter o seu real falecimento. Isto porque, afirma, a trajetória profissional dura pouco se comparado aos demais trabalhadores – cerca de 15 a 20 anos, com uma ou outra exceção.
No cinema isso se prolonga por mais tempo. Ainda assim, saber o momento exato de parar – ‘no auge’, como Pelé – é tarefa para poucos. Seja por idade avançada, doença ou estresse, ou outro motivo qualquer, muitos atores, atrizes, diretores e envolvidos com a Sétima Arte optam por botar um ponto final em sua estrada. Uns avisam oficialmente. Alguns saem de cena sem ninguém notar.
No Brasil, talvez o mais célebre (e recente) caso seja o da atriz Ana Paula Arósio. Em 2011, escalada a uma novela, chegou a gravar os primeiros capítulos, mas desistiu e simplesmente informou que não ia mais. Hoje, perto dos 49 anos, vive numa residência da zona rural na Inglaterra com o marido. Lídia Brondi, pouco antes, em 1991, optou por se retirar e cursar psicologia. Jim Carrey, após ‘Sonic 2’ (2022) também se afastou. ‘Já fiz o bastante’, revelou, aos 61 anos. As gêmeas Mary Kate e Ashley Olsen, conhecidas por seus papéis desde que tinham meses de idade, interromperam as idas aos sets para se dedicar ao universo da moda. Criaram a própria marca de roupas e desde então vivem como empresárias.
Daniel Day-Lewis, ganhador de 3 Oscars de Melhor Ator, prometeu (e segue cumprindo) que largaria o cinema depois de ‘Trama Fantasma’ (2017). Greta Garbo (36 anos), Shirley Temple (21) e Grace Kelly (28) são exemplos de abandono ainda jovens, seja por falta de convites ou por ter casado com um príncipe (neste, para enorme desespero de Alfred Hitchcock).