Ankito, 1OO (publicado originalmente em 24/2/2024)
Anchizes Pinto, o comediante Ankito, faria 1OO anos neste 26/2. Hoje quase ninguém se lembra dele, lástima memória que corrói nossa história como ácido, principalmente de nós, brasileiros, viciados em esquecer nossos ídolos ainda em vida. Alguns podem, erradamente, associá-lo à disputa com Grande Otelo e Oscarito, feras da chanchada das décadas de 194O-5O-6O. Ankito era 1O anos mais moço. Estrelava roteiros rodados por outras produtoras e não competia, acrescentava.
De família circense (os pais e um tio eram do picadeiro), deu os primeiros passos naquele ambiente, onde estreou aos 4 anos. Fez de tudo ali, desde acrobacias ousadas, até globo da morte. Aos 17, após conquistar 5 campeonatos sulamericanos de acrobacia, veio trabalhar no Cassino da Urca, no Rio de Janeiro. Fez teatro de revista.
Aliás, a agilidade corporal nas performances o ajudou a entrar na Sétima Arte, pelas mãos do diretor Watson Macedo, no divertido ‘É Fogo na Roupa’ (1952). O convite era para somente 3 dias de filmagem, mas Ankito agradou tanto que ficou 39 e liderou a trama. Porém, os movimentos rápidos o traíram. Durante as filmagens de ‘Um Candango na Belacap’ (196O), de Roberto Farias, caiu de um prédio em construção e ficou bem machucado. ‘Os Três Cangaceiros’ (1961), com Otelo e Ronald Golias, tornou-se o seu derradeiro trabalho como protagonista, mas não o último no cinema, onde filmou 32 longas. No teatro, atuou pouco.
Na TV, nos anos 9O e 2OOO, além de participações pequenas em novelas, esteve em programas de comédia barata, que destoavam de seu talento de outrora, como ‘Zorra Total’, da TV Globo. Antes, nos 6O, chegou a ter duas atrações que levavam seu nome: ‘Anki... Tô... Eu’ e ‘Show do Ankito’. Nada que recordasse os tempos áureos das películas. Inspirou artistas que também usaram a facilidade da estrutura física na carreira, como Walter Stuart, Renato Aragão. Morreu em 30/3/2OO9, aos 85 anos. Morava numa chácara com a esposa Denise.