Críticos de cinema?

É difícil encontrar, nas publicações culturais, uma crítica de cinema que fale de cinema. Difícil, ou impossível? Lê-se comentários enviesados acerca de filmes, e nenhuma observação percuciente do teor deles. Melhor: lê-se palavras acerca de quaisquer coisas que nenhuma relação têm com filmes. Pior: lê-se palavras saídas das cabeças dos redatores dos textos que são supostamente resenhas dos filmes supostamente analisados e comentados. Dias destes, li uma reportagem acerca de um filme que o autor da reportagem não havia assistido. De qual filme o autor da reportagem tratou em seu texto? De nenhum, afinal ele não havia assistido ao filme. Afinal, do que ele falou então?! Sei lá; mas do filme não foi, tenho certeza. E ele falou bem do filme que não assistiu? Não, pois, segundo o distinto autor, o filme é repleto de masculinidade tóxica, branquitude supremacista, xenofobia, religiosidade fundamentalista e fanática - cristã, obviamente -, teoria da conspiração da ultradireita evangélica, e etecétera, e tal. E o que tem o filme? Respeito à família, atos heróicos de um homem que se arrisca para salvar crianças, policiais honestos, pais decentes, bandidos retratados como bandidos, e etecétera, e tal.

Muitos críticos de cinema não se interessam por cinema, não falam de cinema, de cinema nada sabem. Não falam da produção, do enredo, e dos atores, da cenografia, do diretor, da computação gráfica... Enfim, não falam de filmes. Descarregam um jato abundante de palavras que refletem o ódio que lhes corrói o espírito, em alguns casos revestidos com um palavreado insano - que para muita gente reserva superior acuidade intelectual -, revelando-se seres de cabeça entupida de estupidez (eu estava para escrever "de ideologia", mas corrigi-me a tempo).

Ilustre Desconhecido
Enviado por Ilustre Desconhecido em 13/11/2023
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