Jane Fonda: maluca ou (apenas) revoltada? (publicado originalmente em 19/8/2023)
Alguns títulos de reportagens recentes: “Jane Fonda arremessa prêmio na cabeça de diretora vencedora do Festival de Cannes”, “Jane Fonda diz: ‘Prisão dos homens brancos salvará o planeta’”, “Jane Fonda afirma: ‘Covid-19 foi presente de Deus à esquerda’”, “Jane Fonda sugere assassinar políticos e ativistas contrários ao aborto”. A atriz, que completará 86 anos em dezembro, deu estas declarações (no mínimo) polêmicas a partir de meados de 2020 e desde então a boquirrota não mais parou.
O que a levou a falar tantas asneiras? Vejamos. Sua trajetória (63 anos de carreira) é resumida num ou noutro filme apenas razoável. Na maioria das vezes, esteve no elenco de comédias bobocas, sem sal, como ‘A Sogra’ (2005, após ficar 14 anos longe das telonas, quando fez vídeos de ginástica aeróbica, vendendo milhões de cópias) e ‘Do Jeito que Elas Querem’ (2018 – dando o tom do feminismo avermelhado).
Na biografia, há fatos que sugerem traumas: a mãe, socialite Frances Ford, cometeu suicídio quando Jane tinha 12 anos – dias antes procurou espontaneamente tratamento psiquiátrico e lhe negaram. À filha foi dito que a mãe morrera de enfarte. Assinaturas de jornais-revistas da família foram canceladas e professores e colegas de classe, instruídos a não tocarem no assunto. Jane descobriu tudo uns meses depois ao folhear revista de cinema na aula de artes.
Nada disso justifica as frases do começo deste artigo, mas dá indício de que se fincaram nela marcas de revolta, ódio, medo. Em março de 2017 revelou ter sido estuprada quando era criança, mas não revelou o criminoso, e que foi dispensada de um trabalho por não querer ter relações sexuais com o chefe. Disse sofrer da doença de ‘agradar a todos a qualquer custo’. Casou-se com o senador Tom Hayden em 1973 e impregnou-se do esquerdismo do marido. A desbocada fala o que der na telha. E aí? Para você, ela é louca ou revoltada com o mundo?