As versões do crime (publicado originalmente em 12/8/2023)
A maioria se lembra dos assassinatos dos pais de Suzane Richthofen, em outubro de 2002: com o namorado, Daniel, e o irmão deste, Cristian, ela armou o plano a matar Marísia e Manfred. Lançados em 2021, ‘A Menina que Matou os Pais’ e ‘O Menino que Matou meus Pais’ (Prime) mostram a versão, no 1º, de Daniel, e, no 2º, de Suzane (não são sequências). Discute-se quem influenciou quem na ideia da carnificina, como era o relacionamento entre as famílias, e, principalmente, como Suzane se dava com os pais.
São longas-metragens em flashback. Nos depoimentos, criminosos narram histórias. Cada um procura se defender jogando a culpa no ex. O desempenho de Carla Diaz na pele de Suzane merece destaque. Em ‘A Menina...’, feições do lado sombrio da moça, com anticarisma e desejo voltado ao mau. No outro, aparência de menininha doce, subserviente aos pais e namorado, acabrunhada por ‘aceitar’ que Daniel e Cristian bolassem a cilada fatal. Os 2 filmes foram rodados ao mesmo tempo, o que dificultou alterações de expressões dos protagonistas (Leonardo Bittencourt, intérprete de Daniel, passa a sensação de que as fitas pesaram a ele – parece estar dispersivo diante das câmeras).
O trabalho do diretor Maurício Eça foi primordial para reger o elenco de acordo com as páginas do roteiro, baseado nos autos do processo (tanto Suzane como os Cravinhos nada receberam pelas fitas) e escrito a 4 mãos: Ilana Casoy, escritora especialista em serial killers, e Raphael Montes, também escritor de livros policiais.
Não se chega a uma conclusão. O melhor é embaralhar tramas. Suzane, Daniel e Cristian juntaram a fome com vontade de comer. A psicopatia, somada à ambição e malignidade dão o tom do que foram estes homicídios. E como assassinatos e matadores rendem, a 3ª película estreará este ano, com o título: ‘A Menina que Matou os Pais: A Confissão’. Duração dos 2 filmes juntos: 170 minutos. Cotações: bons.