Abstraia e ganhe (publicado originalmente em 15/7/2023)
Estamos no ano de 2054 em Washington, capital dos EUA. Lá, a taxa de assassinatos caiu a zero em meses devido ao Pré-Crime, programa do Estado que antecipa o delito usando PreCogs, 3 pessoas modificadas cientificamente que têm visões das cenas dos futuros matadores com dias de antecedência, até mesmo minutos, caso não seja premeditado. Prisões ocorrem aos borbotões e o governo federal está prestes a adotar o esquema, tirando armas de circulação – se não há homicídios, para quê revólveres, não é mesmo?
Se você, por acaso, associou a história com outra (prisões baseadas na futurologia, desarmamento etc), espere aí. Refiro-me a ‘Minority Report: A Nova Lei’ (2002), filme de Steven Spielberg com Tom Cruise e o sempre esplêndido Max von Sydow no elenco. A trama é baseada no conto de Philip Dick (morto em 1982, aos 53 anos), lançado na década de 1950 – também é autor de ‘Blade Runner’.
Cruise é John Anderton, melhor detetive do Pré-Crime. Viciou-se em drogas devido ao trauma de perder o filho Sean durante um passeio, o que fez seu casamento acabar. Sydow dá vida a Lamar, criador do método e protetor de John – esconde dos colegas as fraquezas do pupilo. Um dia, quando os PreCogs dão prognóstico do próximo assassinato, John descobre que ele mesmo matará um homem que nem conhece, Leo Crow, em 36 horas.
O que fazer? Claro que longa-metragem com Cruise tem sequências de muita aventura, com fugas, lutas, correria, missões impossíveis enfim. E como em qualquer fita de Spielberg, cenários futuristas e efeitos especiais são caso único, principalmente se pensarmos que foi rodado em 2001, época em que computadores, se não engatinhavam, ainda não eram recheados de recursos. Não sou ligado às ficções científicas, mas confesso que ‘Minority Report’ me pegou. Dica: leia ‘O Processo’, de Kafka. Quanto mais cedo mergulhar no enredo, não desperdiçará seu tempo. Abstraia, saia ganhando. Duração: 145 minutos. Cotação: ótimo.