Galvão: a (falsa) despedida (publicado originalmente em 8/7/2023)
O Globoplay, nos últimos tempos, lançou documentários após vasculhar arquivos das emissoras e disponibilizar materiais sobre ‘estrelas’ ou fatos que marcaram épocas. Realizam-se entrevistas e o combo está finalizado. Foi assim com o caso da Escola Base, Tim Maia, Hebe Camargo. Um que se encaixa no quesito ‘vasculhar’ foi lançado em maio e traz imagens raras, emocionantes: ‘Galvão: Olha o que Ele Fez’, que revisita 49 anos de carreira do principal (ao lado de Luciano do Valle, ressalte-se) narrador esportivo da TV dos anos 90 para cá.
Dividido em 5 episódios, tocou em espinhos com delicadeza. A falta que fez em casa, na criação dos filhos (Cacá Bueno é o mais chateado), a transferência à Rede OM-Gazeta em 1992, enfrentando a ex-emissora, dando recordes de Ibope na final da Libertadores, críticas nas 13 Copas que cobriu (Alemão-90, Zinho-94, Felipão-2014, Neymar-2018), a fama de mau humorado, bravo, arrogante nos bastidores, a fase do ‘Cala a boa, Galvão’, frase gritada pelas torcidas... Quando a fita busca ‘relaxar’, o vemos atrás das câmeras se preparando às participações na Copa-2022, dando broncas, debatendo táticas, brincando com a equipe, aquecendo a voz.
O protagonista não se furtou em abrir a intimidade e abordar a – que coincidência! – ausência do pai biológico (o casal se separou após o nascimento do menino) e os mimos das tias. O filme, como pano de fundo, foi feito por causa da despedida do narrador da TV Globo após 41 anos de estrada (sem contar os meses de OM).
Passa-se a impressão de que Galvão se retirará do mundo da bola e se recolherá na fazenda do Rio Grande do Sul, onde possui fábrica de vinhos. Nada mais enganoso. Se a intenção era isso, envelheceu rápido demais: Galvão Bueno já abriu canal no Youtube e pretende adquirir direitos para narrar corridas de Fórmula-1 e as principais partidas da seleção brasileira. Duração (5 capítulos juntos): 250 minutos. Cotação: bom.