Se Amanhã Nunca Chegar

 

Quando comecei a assistir a série Grey’s Anatomy, aquilo me mudou bastante. Assisti as 17 temporadas por mais de uma vez. Foram maratonas incansáveis e prazeirosas. Para além da beleza dos atores/atrizes, das mensagens de cada episódio acerca de TUDO desta vida, as frases e monólogos/reflexões de Meredith ao final de cada episódio eram o ponto alto, o fechamento do episódio com “chave de ouro” seguida da ansiedade de assistir o próximo episódio. 

 

Logo no início essas reflexões me despertaram muita atenção, dada a sutileza e profundidade do mergulho nos temas. Aquilo me deixou louco! 

 

Ao ponto de pausar o episódio  para ouvir novamente e passar a transcrever em um caderno à parte. 

Fiz isto durante umas duas temporadas…

Em um dia que acordei “ meio iluminado” me perguntei: JC, será que não há outros  loucos como você que já tenham feito essa mesma coisa que você e tenha disponibilizado na Internet?!! 

 

Pois não é que tinha! Claro! 

Então peguei tudo quanto pude. 

O único (grande) problema é que pegaram os textos e colocaram para um app traduzir. Óbvio que a tradução não era a que eu tinha ouvido. 
 

Alguns anos depois procurei novamente os tais diálogos. Não encontrei. O que encontrei foram links que me levaram a caminhos que informava: cópia não permitida. 🤔

 

Que bom! Reli os textos e passei a corrigir o “tradutor”. Pois é, a inteligência artificial é maravilhosa, mas não lê sentimentos, não se emociona e nao derrama lágrimas. 

 

Abaixo transcrevo um “monólogo reflexivo” da queridíssima Meredith Grey’s. 
 

Se Amanhã Nunca Chegar - Meredith Grey’s  (Ellen Pompeo) - Monólogos 

Temporada 1, do. 06
 

Há uns duzentos anos atrás, Benjamin Franklin compartilhou o segredo de seu sucesso com o mundo. Ele disse “nunca deixe para amanhã o que você pode fazer hoje”. 

 

Esse é o cara que descobriu a eletricidade. Então é normal achar que a maioria de nós iria ouvir o que ele fala… 

 

Eu não tenho idéia porque a gente fica adiando as coisas, mas se eu tivesse que chutar, diria que tem muito a ver com o medo. Medo do fracasso. Medo da dor. Medo da rejeição. 

 

Às vezes, o medo é de apenas tomar uma decisão, porque e se você estiver errado? E se você fizer um erro que não dá pra desfazer? 

 

Seja lá do que a gente tem medo, uma coisa é sempre verdade: com o tempo, a dor de não ter tomado uma atitude fica pior do que o medo de agir. Acaba parecendo que a gente está carregando um tumor gigante. 

 

E, não, eu não estou falando metaforicamente.

 

“Deus ajuda a quem cedo madruga”; “Bobeou, dançou”. Não podemos fingir que nunca escutamos essas. Todos nós já ouvimos os provérbios, os filósofos, os nossos avós nos falando para não perdermos tempo, aqueles poetas chatos clamando para gente “aproveitar o dia”. 

 

Ainda assim, às vezes a gente tem que pagar para ver. Temos que cometer nossos próprios erros. Temos que aprender nossas próprias lições. Temos que varrer as possibilidades do hoje pra baixo do tapete do amanhã até não podermos mais, até que a gente compreenda, por si só, o que Benjamin Franklin quis dizer. 

 

Que o saber é melhor que o ponderar, que o despertar é melhor que o sonhar. E que mesmo a maior falha, mesmo o pior erro possível, é melhor do que nunca tentar nada.


15.07.2023.

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