Filme de terror (publicado originalmente em 1/4/2023)
‘Blonde’ (2022, Netflix) é veia aberta, desnecessariamente, voltada ao mundo de alucinações, desilusões, medos, decepções, frustrações, onde o horror da loucura povoava a mente da lenda Marilyn Monroe de maneira quase incessante. A atuação da bela Ana de Armas, nova queridinha de Hollywood, deixa o longa-metragem menos denso, ainda que ela ofereça curvas e olhos penetrantes como ‘sacrifício’ e determinadas sequências de mau gosto nos faça querer ir ao banheiro vomitar, como a do 1º aborto.
Praticamente 90% (ou mais) do enredo é imaginação da cabeça do diretor e roteirista Andrew Dominik, que se baseou no livro igualmente oco de Joyce Carol Oates, que tratou a estrela como desvairada que odiava a vida. Na trama, os homens em volta de Marilyn são retratados como abusadores, o que não é verdade. A aparência de filme de terror se consolida no passar dos (intermináveis) minutos.
Há mentiras crassas, abjetas, como, por exemplo, o relacionamento com 2 homens ao mesmo tempo, um deles filho de Chaplin que, em ‘Blonde’, morre antes de Marilyn (foi 6 anos depois). Durante o filme fica a sensação de que Dominik quis estragar o próprio trabalho por não simpatizar com a personagem ou por, para variar, querer ‘lacrar’ em cima com supostas teses machistas / religiosas, nova mania da grei da Academia de Artes Cinematográficas que não aceita mais mulheres lindas em cena sem taxá-las como vítimas ou com trajetórias desgraçadas.
Sabe-se que Marilyn teve mãe esquizofrênica, que Joe Dimaggio, mito do beisebol mundial, a maltratou no casamento, inclusive com agressões físicas. Porém, surtos em filmagens e repulsa ao sexo são exageros. A indicação de Ana no Oscar foi válida. A entrega ao papel chega a ser emocionante. Julianne Nicholson (não é parente de Jack), como Gladys, a mãe, também está ótima. Para aí. No mais, cá pra nós, ‘Sete Dias com Marilyn’ (2011), com Michelle Williams, outra beldade da Sétima Arte, na pele da musa loira, nos dá melhores exemplos de como a protagonista de ‘Quanto Mais Quente, Melhor’ (1959) se comportava, libidinosamente, nos bastidores dos sets, provocante, além de a fita ter bom gosto. Duração de ‘Blonde’: 167 minutos. Cotação: ruim.