Laços de ternura (publicado originalmente em 10/12/2022)

James Lawrence Brooks, 82 anos, dirigiu, no intervalo entre 1979 e 2010, 6 filmes, e em outros 4 foi produtor, roteirista. 2 se destacam: ‘Melhor é Impossível’ (1997, tema desta coluna em 2004) e ‘Laços de Ternura’ (1983), sua estreia na direção. Brooks sempre, em seus trabalhos, retratou a experiência humana como um todo. Focou com lente de aumento desde as banalidades, até as tragédias do cotidiano.

Em ‘Laços de Ternura’, relação mãe e filha é o que move a trama, que cobre 3 décadas da história. Aurora (Shirley MacLaine) é jovem senhora viúva. Vive às turras com a filha Emma (Debra Winger). Conflitos da adolescência, dificuldades em se criar a moça sem o pai, paqueras da mãe e filha, falta de grana, temperamentos sobressalentes de ambas, tudo é ingrediente apimentado.

A rotina muda quando Emma, após descobrir a traição do marido, borra-botas fracassado Flap (Jeff Daniels), com quem teve 3 filhos, é diagnosticada com câncer em estágio avançado. Este pulo do gato incrementa o script, também assinado por Brooks. A partir daí, como num toque da varinha de condão, a parceria entre Aurora e ela se torna mais do que umbilical: vira confessional. Os amigos de Aurora, Garrett (Jack Nicholson) e Vernon (Danny DeVito), que disputam o seu amor, se unem a colaborar com aquela mãe que tenta esconder o desespero e o pavor do risco de perder a filha de menos de 30 anos.

À primeira vista, o longa-metragem pode parecer um daqueles dramalhões mexicanos recheados de exageros mal azeitados e forçações de barra questionáveis. Mas é o contrário. As atuações de 100% do elenco, sem exceções, apontam à conquista do público. É praticamente impossível resistir às cenas sentimentais e lacrimejantes dos personagens na medida em que o tempo avança e emoções ficam afloradas.

No Oscar, levou 5 estatuetas: filme, diretor, atriz (Shirley – Debra concorreu na mesma categoria), ator coadjuvante (Nicholson – John Lithgow, que interpretou o amante de Debra, Sam, foi finalista no quesito) e roteiro. Há a continuação de ‘Laços de Ternura’ lançada em 1996, ‘O Entardecer de uma Estrela’, da qual falarei na semana que vem. Duração: 132 minutos. Cotação: ótimo.