Uma estrela no ar (publicado originalmente em 8/10/2022)
Em cartaz no Globoplay, o documentário em 4 episódios ‘Hebe: Um Brinde à Vida’, de Carolina Kotscho e Clara Ramos, mostrou a trajetória da apresentadora e cantora, que morreu há exatos 10 anos (29/9/2012), de câncer. 45 pessoas deram depoimentos, lembraram histórias, momentos traumáticos, casos curiosos (o castelo de areia com Maluf – de eleitora a ‘inimiga’) e revelaram como era Hebe Camargo em casa, nos bastidores da vida.
Os capítulos abordam a infância, o pai violinista, romances proibidos, os 2 casamentos nebulosos, opiniões destemidas (sempre ‘sem censura’, abordava muitos assuntos-tabus), o amor pelo cotidiano. Bela homenagem que soa como pedido de desculpas ao horroroso filme-biografia de 2019 com Andréa Beltrão, onde nada correspondia à protagonista.
No documentário, ao contrário, nos debruçamos nos preconceitos (ficou na cozinha durante uma festa de aniversário, só entrando para cantar – artistas, nos anos 50/60, eram mal vistos pela sociedade), brigas (odiava Walter Clark, executivo de TV que tentou tolhê-la na Bandeirantes) e paixões (o sincero desejo de namorar Roberto Carlos).
Há imagens raras, de entrevistas das décadas de 60/70/80, e particulares, como um aniversário onde estão ela, Tom Cavalcante, Roberto, Faustão e Jô Soares, em 2010. O ‘Roda Viva’ de 1987, claro, também compõe o filme. ‘O melhor de toda a história’, afirmaram Ricardo Kotscho (pai de Carolina) e Augusto Nunes.
A produção errou em inserir personagens meio ‘nada a ver’, como Fátima Bernardes e o próprio Ricardo, além de insistir em fazer as entrevistadas dizerem que a artista era ‘feminista e a favor dos homossexuais’ (típicas lacrações que Hebe seria contra).
Acertou ao colocar na tela fãs dos tempos de rádio e amigas íntimas, que literalmente abriram o baú de recordações e confissões. Senti falta do testemunho de Carlos Alberto de Nóbrega e da citação, pelo menos, do honroso gesto feito por Silvio Santos de ‘recontratá-la’ ao SBT um dia antes do falecimento – Hebe partiu contente por ter sido recebida de volta.
Nóbrega confessou depois que todos sabiam que ela nunca reestrearia: ‘Seu estado de saúde estava bastante delicado, ela estava bem fraquinha’. O acervo pessoal da família e admiradores foi aproveitado com respeito. Duração: 160 minutos. Cotação: bom.