Aquele 1992 (publicado originalmente em 10/9/2022)
Já se passaram precisamente 3 décadas. Em 1992, o politicamente correto ainda não enchia a nossa paciência. No Brasil, o povo viu as denúncias contra o presidente Collor feitas pelo irmão dele, Pedro. Em 92 o PT dizia ter ética e o ex-caçador de marajás xingou Ulysses Guimarães de ‘senil e desequilibrado’.
Na semana seguinte, no ‘Jô 11 e Meia’, Ulysses respondeu: ‘Sou velho, mas não velhaco’ (morreu dias depois, num acidente de helicóptero – seu corpo nunca foi encontrado). O Fiat Elba veio à tona. Tudo acabou como acabou. Na saúde, o mundo se assustava com a cólera.
Na política internacional, Hugo Chávez tentou, e se deu mal, golpe de estado na Venezuela (teria êxito mais tarde, em 98), Clinton foi eleito ao seu 1º mandato de presidente nos EUA e o ‘peso’ substituiu o ‘austral’ como moeda argentina. No esporte, tivemos a Olimpíada de Barcelona (para mim, com a melhor ‘acendida de tocha’ da história, com o arqueiro e a flecha) com a nossa geração de ouro (a 1ª) do vôlei; Júnior, o vovô-garoto do Flamengo (38 anos), fez gol na final do Brasileirão, contra o Botafogo; o São Paulo sagrou-se campeão mundial e Oscar e Hortência reinavam no basquete.
Na literatura, Ruy Castro lançou a biografia de Nelson Rodrigues, ‘O Anjo Pornográfico’ e, ao lado de Millôr e Luís Fernando Veríssimo, Jô Soares publicou ‘Humor nos Tempos de Collor’. Na TV, a novela ‘De Corpo e Alma’ ficou marcada pelo assassinato de Daniela Perez pelo ‘colega’ Guilherme de Pádua.
Nas telonas, foram lançados, por exemplo, ‘Esqueceram de Mim 2’, ‘Perfume de Mulher’, ‘O Óleo de Lorenzo’, ‘Batman: O Retorno’, ‘O Guarda-Costas’ e ‘Os Imperdoáveis’ (que ganhou o Oscar de melhor filme). Saíram de cena, além de Daniela Perez, Jânio Quadros e Irmã Dulce. Em compensação, nasceu em 92 o Neymar (!).
Eu estava com 10 anos, cursava a 5ª série, morava na Avenida Siqueira Campos, tinha um cachorro que se chamava Maradona (nome dado pela minha mãe), jogava bola com meu saudoso pai e meu irmão, amava ver ‘Chaves’ e ‘Chapolin’ na hora do almoço e adorava dormir na casa da minha avó.