A batalha solitária da Princesa da Lua

 

A BATALHA SOLITÁRIA DA PRINCESA DA LUA

Miguel Carqueija

 

Está previsto para meados de 2023 o lançamento, no Japão e pelo mundo afora, do épico duplo de animação “Sailor Moon Cosmos”, baseado no quinto e último arco do famoso mangá de Naoko Takeushi, que por sinal continua supervisionando sua franquia.

Estranha coincidência que um filme por natureza tão seminal venha a ser lançado no fatídico ano de 2023! Ou será mesmo coincidência?

Podemos recapitular o essencial da saga da Princesa da Lua Branca: o mangá precursor de Sailor V (Sailor Vênus), que pode ser considerado um arco à parte, e no mangá de Sailor Moon os arcos Reino Escuro, Lua Negra, Infinito, Sonhos e Estrelas.

(Para quem ainda não sabe, mangás são quadrinhos japoneses e animês, desenhos animados japoneses.)

O mangá foi todo editado na década de 1990, que viu também o seriado de animação “Bishojo senshi Sailor Moon” (A linda guerreira Sailor Moon), com 200 episódios e todos os cinco arcos. Na década seguinte foi produzida uma série em imagem real, que mostrou apenas o primeiro arco e fechado em si mesmo, sem gancho para continuação.

Depois, entre 2013 e 2016, foi realizado o novo seriado de animação “Sailor Moon Crystal”, que adaptou os três primeiros arcos num total de 39 capítulos. Para os dois arcos seguintes a Toei optou por produzir dois épicos duplos, na prática quatro filmes de longa-metragem. Primeiramente, para o arco “Sonhos”, saiu “Sailor Moon Eternal” em 2021.

A diferença que torna esses lançamentos tão importantes é que a série dos anos 90 seguiu uma linha mais humorística e infantil, sem a mesma densidade do mangá. Em “Sailor Moon Crystal” a Toei fez uma adaptação mais fiel ao mangá, tanto que não há episódios “enche-linguiça” e os acontecimentos fluem mais rapidamente.

O mesmo se pode dizer de “Sailor Moon Eternal” onde a Princesa da Lua Branca confronta o Circo da Morte.

“Sailor Moon Cosmos”, que vem aí, é a chegada ao cinema de longa-metragem do último arco, “Estrelas”, que encerra a grandiosa saga da Guerreira do Amor e da Justiça. Por certo, uma história já contada nos quadrinhos e na série de tv dos anos 90, mas nunca antes com a ênfase peculiar do cinema, o que teremos agora.

Mas o que há de tão importante nesse filme?

Esta saga é mística. Sailor Moon é a portadora do Sagrado Cristal de Prata e também do Santo Graal (o cálice utilizado por Jesus Cristo na Última Ceia). Portanto, uma defensora sagrada da Terra e da Humanidade.

O caos na Terra. Um flagelo vindo das estrelas longínquas chegou ao nosso mundo. Uma organização maligna, a Sombra Galática, ataca a Terra, comandada por Galáxia, a Rainha Dourada, a antiga Sailor Galáxia, que renegou o título de sailor e fez um pacto com o Demônio do Caos. Esta figura pode ser identificada, pela teologia cristã, como o próprio Lúcifer, pois o anjo caído é a própria personificação do caos, o caos que se opõe a Cosmos, a ordem divina.

Sailor Moon representa o Cosmos e Galáxia, o Caos. É praticamente, velada em símbolos, a Batalha do Armagedom.

A elevada dramaticidade da história tem como eixo a solidão de Usagi Tsukino, a Sailor Moon, nesta hora crítica. Por fatores que não quero aqui antecipar, ela não pode mais contar com os aliados que a ajudaram nos arcos anteriores. Ela terá de lutar sozinha contra o poder máximo do inimigo.

SUA BATALHA SOLITÁRIA COMEÇA, avisa a vinheta oficial da Toei.

A própria Sailor Moon filosofa:

 

“Se eu não fosse uma Sailor Guardiã, esses amigos me estenderiam as mãos? Ou teríamos nos conhecido? Eu sei... que esta batalha não é como qualquer outra. Todo mundo se envolve todas as vezes por causa desse poder que eu tenho. Talvez eu não consiga mais parar. Meus amigos sempre arriscam suas vidas para me proteger. Mas por causa disso há certas coisas que só eu posso fazer. Eu acredito que haverá um futuro para todos nós.”

 

Há algo de impressionante nesta história onde a heroína vê cair sobre seus ombros aparentemente frágeis o peso do destino da humanidade.

“Sailor Moon Cosmos” é a batalha solitária de Sailor Moon contra o poder avassalador e demoníaco que invade a Terra.

A batalha de uma heroína que, mesmo golpeada pela tristeza, não se renderá diante do poder das trevas. Mesmo porque ela tem a Fé: "Eu acredito que haverá um futuro para todos nós".

Poderá ser O FILME DO SÉCULO.

 

Rio de Janeiro, 11 de setembro de 2022.

 

 

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