Top Gun: o antigo (publicado originalmente em 18/6/2022)
Ao escrever sobre o então recém-lançado ‘Top Gun’, 1986, a crítica Pauline Kael detonou o longa-metragem por ser, segundo ela, ‘redefinição à masculinidade como aparência de jovens sem roupa, onde o narcisismo significa ser guerreiro’. O filme adquiriu fama por mostrar pilotos jovens de aviões-caça da Marinha dos EUA, homens, onde as aspirações são competir, brigar, flertar.
O patriotismo fica no topo da atividade – dar a vida pela liberdade (compare com valores atuais). Tom Cruise tinha 23 anos quando protagonizou, interpretando Maverick, profissional competente, mas arrogante, teimoso, desobediente.
Ao ingressar na escola Top Gun, onde está a nata da categoria, se vê num ‘duelo’ com Iceman (Val Kilmer – semana passada, esqueci de mencionar a atuação dele em ‘Maverick’: com traqueostomia, devido ao câncer de garganta que eliminou sua capacidade de falar, a voz dele foi reproduzida por inteligência artificial, com software que gerou o som – homenagem merecidíssima; Kilmer emociona na telona) pelo posto de número 1 da academia.
Neste ínterim, começa romance com Charlie (Kelly McGillis), instrutora local (que ele paquera na noite anterior sem saber quem é). Dirigido por Tony Scott, a trama estampa a virilidade dos anos 80, onde o homem não tinha vergonha de ser homem e ponto final. Apenas isso.
Na época, às vésperas da ruína da União Soviética (em 1991), os alvos das aeronaves eram, claro, as vindas do território russo, abatidas sem piedade, com vontade. ‘Take My Breath Away’, da banda Berlin, escrita por Giorgio Moroder, que permeia praticamente todo o filme, arrecadou muitos prêmios, dentre eles o Oscar de Melhor Canção.
É impossível não se lembrar das cenas quentes de Cruise e McGillis ao ouvir os primeiros acordes da música. As participações especiais de dois novatos são também destaque: Meg Ryan (Carole, esposa de Goose, melhor amigo de Maverick: na fita de 2022, Bradley, filho de Goose, é um dos alunos de Maverick na Top Gun), e Tim Robbins (Sam, numa ponta). As sequências dos voos são o ponto alto, com emoções calibradas e diversão garantida. Orçado em US$ 15 milhões, arrecadou quase US$ 400 milhões e virou clássico, ou cult, como queiram. Duração: 109 minutos. Cotação: regular.