Olavo tem razão (publicado originalmente em 9/4/2022)
O diretor Mauro Ventura, que está às voltas com a finalização do documentário ‘Olavo Tem Razão’, lançou em 2018 outro produto, curta-metragem: ‘O Imbecil Coletivo’. Nele, entre depoimentos de Olavo de Carvalho, o cineasta investiga os motivos pelos quais o livro do filósofo, publicado em 1996, causou celeuma, polêmica, controvérsia.
“Eles nunca tinham sido criticados antes. Todos ao redor os bajulavam, paparicavam, elogiavam. Tomaram baita susto quando foram refutados com argumentos pertinentes, coerentes”, diz o autor. Por ‘eles’ entenda-se intelectuais e artistas da esquerda, como, por exemplo, Emir Sader e Caetano Veloso.
Ao pesquisar arquivos de jornais, revistas de 25 anos atrás, notei que o estouro foi enorme. Olavo, que era articulista em publicações como Jornal do Brasil, recebeu ataques dos alvos que, sem ter palavras a retrucá-lo, xingaram-no com baixos calões, como ‘bestalhão’. “Um véu foi rasgado pelo ‘Imbecil Coletivo’, que caiu como bomba atômica na intectualidade nacional”, narra Ventura, no filme (íntegra no youtube).
Segundo Olavo, a ideia do livro surgiu pelas notas escritas por ele e comentadas no fim das aulas. “Percebi que o volume se acumulou e que, no geral, havia um panorama das figuras”, revelou. Logo após a publicação de ‘O Jardim das Aflições’, então, veio ‘O Imbecil Coletivo’.
Inúmeras trocas de cartas e artigos se seguiram depois de a obra cair nas mãos de estudantes, imprensa e protagonistas da edição, que naquele momento, finalmente, eram indagados a se explicarem e rebaterem as afirmações. No documentário, há a base da teoria olavista sobre os personagens: “Uma turma de inteligência normal ou superior que se reunia a imbecilizar-se umas às outras, e fazia isso com sucesso.”
Anos depois, em 2019, em entrevista ao ‘Conversa com Bial’, ele atualizou a frase: “Hoje não se juntam mais porque ficaram totalmente degradados, imbecis.” Para quem leu o livro e se deliciou com ironias esmeradas de Olavo, sabe que, desde lá atrás, sempre teve razão.
Foi o escritor quem antecipou pautas que a esquerda usaria no século 21, saindo do campo de defesa do proletariado e passando às pseudodefesas das minorias, que hoje em dia estão em todo o canto. Duração: 15 minutos. Cotação: ótimo.