O ULTIMO AMOR DE LADY DI - O FILME
DIANA SPENCER – LADY DI – O FILME
Passados 16 anos da morte da princesa Diana, a versão mais aceita sobre os seus últimos anos de vida retrata-a como mulher desprotegida e carente, que buscou o amor nos braços de um milionário hedonista, o egípcio Dodi Al-Fayed.
Tanto é assim que a loja Harrods, em Londres, ex-propriedade da família do Don Juan árabe, recebe diariamente milhares de visitantes, curiosos para ver de perto o memorial que traz a aliança e a taça com as quais o casal celebrou a união, no Hotel Ritz, antes de sofrer um acidente de carro em Paris.
Não é muito diferente, mas o perfil da britânica vem com novas nuances no filme “Diana”, atração do Festival do Rio de Janeiro e a estreia mais concorrida dos cinemas no dia 18 de outubro.
Na cinebiografia mais aguardada do ano, Lady Di, interpretada com perfeição pela atriz neozelandesa Naomi Watts, aparece novamente como uma mulher solitária, em busca desesperada de afeto.
Mas o foco saltou de Al-Fayed para um personagem pouco explorado em sua vida íntima, o cardiologista paquistanês Hasnat Khan (Naveen Andrews), com quem ela teve um relacionamento de dois anos antes de morrer.
Segundo o polêmico longa-metragem, era ele e não Al-Fayed o amor secreto da princesa de Gales – os tórridos encontros com o playboy egípcio fariam parte de um artifício feminino para provocar ciúmes e ter Hasnat de volta depois de uma ruptura que a deixou devastada.
É esse clima de “A Princesa e o Plebeu”, misturado a romance cor-de-rosa, que dá o tom do drama dirigido pelo alemão Oliver Hirschbiegel e recebido pela crítica inglesa como um telefilme rasteiro. Um dos primeiros a levantar a voz contra a produção foi o próprio cardiologista, que, apesar de não ter visto (e não pretender ver) a história, disse que tudo “está errado” e não passa de especulação.
Em entrevista ao tabloide “The Mail on Sunday”, ele confirma o romance e as circunstâncias da separação (o assédio da imprensa, principalmente), mas garante que nenhuma fonte consultada, de seus parentes aos amigos próximos de Diana, sabia qualquer detalhe do que se passava entre as paredes do Palácio de Kensington, onde a princesa vivia sozinha, ou no seu quarto-e-sala em Chelsea.
A documentarista Kate Snell, autora do livro em que se baseia o enredo, garante, contudo, que o que se conta é verdade. O relato do relacionamento dos dois, apresentado no livro “Diana – O Último Amor de uma Princesa (Prata), previsto para chegar às livrarias na segunda-feira 7, é bastante plausível para não merecer crédito.
Com o cotidiano inteiramente voltado para o trabalho, Hasnat não tinha vaidades e assim Diana descreveu a sua casa, cuja primeira visão registra duas canecas velhas e bolorentas: “É o apartamento de um homem comum, precisa de limpeza.”
Em passagens que contrastam com a imagem de mulher sofisticada e adorada pelos estilistas, vemos Diana lavando louças e passando roupas na casa dos Hasnat em Stratford-Upon-Avon ou no solar da família em Lahore, no Paquistão, onde inclusive tomou banho de água fria no escuro, devido a uma falha de energia.
Os encontros entre os dois eram furtivos. Primeiro, aconteciam no próprio Hospital Royal Brompton, onde Diana conheceu Hasnat durante a cirurgia do marido de uma amiga.
Apelidou-o de Mr. Wonderfull. Nesse período, ela chegou a acompanhar uma cirurgia do coração e passou a destrinchar a literatura médica, lendo um pesado manual apenas para ter assunto com o amante (depois ela passou a folhear o Alcorão).
Quando a imprensa começou a desconfiar das visitas, que sempre terminavam tarde da noite, Lady Di preferiu receber Hasnat em Kensington. Ele era levado no banco traseiro do carro, escondido por um cobertor, e entrava pelos fundos.
O mordomo Paul Burrell acabou descobrindo tudo, mas colocou panos quentes. Uma tarde, numa tentativa de conquistar a avó do namorado, em viagem pela Inglaterra, Diana a convidou para um chá no palácio, episódio que foi filmado por um dos familiares dela.
Na pesquisa para o livro, Kate assistiu ao vídeo e fez uma cópia dele, que mostra a matriarca examinando os sanduíches para certificar-se de que não eram de presunto (alimento proibido para muçulmanos).
A autora agora está sendo acusada de ter roubado a gravação num episódio que vai acabar na corte britânica.
Para escrever o livro em que se baseou o filme, a documentarista Kate Snell ouviu os parentes de Hasnat e os amigos de Diana. O médico afirma que eles disseram é pura especulação.
Reportagem da edição deste mês da revista americana “Vanity Fair”, que teve acesso a depoimentos de Hasnat à Scotland Yard, confirma os fatos e reforçam a tese do filme malfalado.
No calor do romance, Diana passou a se arriscar mais, na tentativa de amenizar o desagrado do discreto paquistanês com a imprensa. Amante de jazz, ele levava Diana ao seu pub preferido – para não ser notada, ela usava peruca escura e roupas informais, como legging e tênis.
Numa dessas esticadas, pela primeira vez esperou na porta para entrar em um local público. Telefonou para uma amiga: “Estou na fila, é maravilhoso encontrar tantas pessoas diferentes”.
Sorte dela que seu sotaque “formal, mas caloroso”, segundo a atriz Naomi Watts (que o “copiou” assistindo inúmeras vezes às suas entrevistas, com e sem som), nunca era associado a alguém da família real.