Como chegamos à PPC (publicado originalmente em 30/10/2021)
Em 1972 as cores chegaram à TV. Poucos aparelhos, na verdade, pois eram caríssimos. Consequência? Todos começaram a nos empurrar cores. Basta lembrar como eram paletós e camisas de Sérgio Chapelin e Cid Moreira no Jornal Nacional. Era reação à escassez do preto-e-branco que vinha desde 1950.
Pego este exemplo e pulo para 1985: fim do Regime Militar após 21 anos - desse modo, fim da censura. Consequência? Pipocaram novelas e filmes com temas até então escondidos, proibidos. Basta lembrar do enredo de 'Tieta' (1989-90): o romance incestuoso entre tia e sobrinho, as palavras chulas ditas a esmo por Bafo de Bode; as roupas das apresentadoras infantis que serviam de chamariz ao público adulto masculino etc.
Era reação às duas décadas das canetas que riscavam scripts, amassavam e jogavam no lixo trechos de música e rasgavam cadernos de jornais e figurinos. Saltamos aos anos 1990-2000. A saga da liberdade seguia e tínhamos a banheira do Gugu, as letras inacreditáveis dos Mamonas e as brincadeiras esdrúxulas da turma do 'Pânico'.
Levávamos isso numa boa, ríamos à beça, zoávamos parentes e amigos com qualquer piada. Agora pegue estas linhas e coloque dinamite embaixo delas. A partir da década seguinte (2011-2020) o que temos? Cancelamentos, proibições, retiradas de filmes, canções e programas das redes, denúncias de machismo, feminismo, bulling aos magros, gordos, gagos, negros, amarelos, brancos, ascensoristas, altos, baixos, de óculos, sem óculos, de cabelos compridos, enrolados, lisos, curtos, os com dentes do siso, os sem e por aí vai.
Hoje você não é simplesmente homem ou mulher. Pode optar por não ser nenhum, ou neutro, não-binário (seja o que for que isso represente). O que ocorreu? Regredimos, caímos numa cilada que nem Bino consegue desvendar?
Sim, você sabe aonde quero chegar. À conhecida PPC, Patrulha do Politicamente Correto, liderada pela esquerda. Hoje não pode mais 'o teu cabelo não nega mulata', ou 'abre a porta Mariquinha', '... E o Vento Levou'. Até o beijo do príncipe na Branca de Neve não pode, bem como 'Tom & Jerry', 'Dumbo', 'Pepe le Gamba', livros de Monteiro Lobato, e mais uma infinidade de coisas. Continuo na semana que vem.