THE QUICK AND THE DEAD (1995) dir. Sam Raimi

Vitima de seu próprio pioneirismo, Sam Raimi, um dos diretores mais espontâneos, autorais de sua geração acabou sendo erroneamente tratado, com o passar dos anos, como só mais um diretor de filmes de super-heróis, dirigindo-os inclusive em uma época onde não possuíam o apelo popular, e por vezes de crítica, que apresentam hoje.

Mas, a despeito do atual limbo onde se encontra sua carreira cinematográfica, seus clássicos continuam frescos e imaculados. The Quick and the Dead pode não ser o melhor acabado entre eles, nem tampouco o mais audacioso em termos de roteiro mas, ainda sim, a marca visual do diretor lança uma sombra sobre tudo isso, sendo um evento a parte presenciar todas as tomadas inventivas, a edição dinâmica e a fotografia brilhante desse projeto pouco usual do cineasta.

Talvez o maior problema desse longa seja encontrar o tom correto pra história. Ao mesmo tempo em que o longa tenta residir no conforto de não ser nada mais do que um produto do cinema Blockbuster, com personagens de motivações pouco exploradas, personalidades tão rasas quanto um pires e uma história que poderia ser considerada clichê mesmo no tempo dos irmãos Lumière, existe uma certa sinceridade em tudo isso. Sinceridade por entender ser um produto de massa, e tentar fazer o melhor possível com esse conceito.

A personagem principal, vivida pela encantadora atriz Sharon Stone, é referida em toda a obra simplesmente como "The Lady", uma das muitas homenagens que o filme presta ao cinema de Western Spaghetti (principalmente do diretor Sergio Leoni). Em certa medida ela é extremamente subversiva, uma personagem forte e de motivação clara, que não se deixa diminuir pelo machismo indissociável à época, apesar de em certos momentos suas ações parecerem forçadas seja por roteiro ou por incapacidade da atriz em transmiti-las com verdade.

Gene Hackman entrega seu habitual, e, por isso entendam: uma grande performance. Leonardo DiCaprio em um de seus primeiros papéis até tenta fazer com que, com seu magnetismo em tela, nos importemos com seu personagem mas infelizmente de maneira infrutífera. Russel Crowe, debutante, em sua primeira aparição no cinema norte-americano pouco pode fazer por seu personagem, apesar de seu carisma, acaba sendo um dos pontos fracos do filme.

Apesar de apresentar-se muito mais como um exercício estético do que como uma narrativa extraordinária, a obra merece ser conferida encontrando-se disponível no catálogo da Netflix.

Antônio Spiassi Mendes
Enviado por Antônio Spiassi Mendes em 06/07/2020
Código do texto: T6998287
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.