2 curtas (publicado originalmente em 2/11/2019)
No Oscar deste ano, 2 curtas-metragens chamaram a atenção: 'Absorvendo o Tabu' e 'A Partida Final', ambos da Netflix. O prêmio ficou com o 1º - a rotina dum grupo de mulheres num pequeno município indiano.
O preconceito em cima delas por conta do tema menstruação permeia a fita de 26 minutos. Nas escolas, a dúvida paira às alunas. É uma doença? As mulheres ficam sujas? Como posso evitar?
Lá, com o total desconhecimento da existência do absorvente, moças usam panos para conter o sangue jorrado. E não é questão de pobreza, inibição, mas sim ignorância, no sentido puro da palavra.
'Absorvendo o Tabu' é produto final de um grupo de estudantes de cinema, que juntaram dinheiro a finalizar as filmagens. A intenção era leva ao local uma forma de 'esperança'.
E isto foi feito com a ida de um empresário, cujo objetivo foi ensinar a população feminina a fabricar seus absorventes e vendê-los de porta em porta no vilarejo.
Obra tocante e bem roteirizada, mereceu a estatueta. 'A Partida Final' tem na delicadeza e nos instantes de silêncio o seu chamariz fatal. O curta aborda os derradeiros dias de pacientes com câncer terminal no hospital onde os médicos estão preparados pra lidar com este tipo de situação.
Além disso, o contato com parentes e amigos faz com que o filme fique ainda mais intimista e sutil, com a emoção à flor da pele em determinados momentos. Pode-se afirmar que Dimitra, 46 anos, é o personagem nº 1 do documentário.
Ao lado da mãe, marido, filho, luta de maneira incondicional por qualquer resquício de novidade em seu estado de saúde. Mas todos sabem ser em vão. Ao comparar fotos dela de antes, é escandalosa a mudança.
'A Partida Final' trafega pela linha finíssima entre a vida e a morte, na qual os doutores de jaleco precisam 'passar a mão na cabeça' dos familiares e compreender as perdas, que são também deles.
Basta ver um dos médicos e suas tragédias pessoais: 2 pernas e 1 braço amputados por conta de um acidente elétrico.