Sem trono (publicado originalmente em 24/8/2019)
A mesma tecla será batida por mim até que o cinema aprenda e tenha pelo menos pouco de vergonha na cara. Refilmagens matam a sétima arte a passos curtos. Não suporto mais, por exemplo, adaptações de desenhos com atores reais.
Ou releituras de obras-primas... Outra coisa: todo ano há o lançamento de um filme do Homem-Aranha! Onde já se viu? Hoje o meu alvo é 'O Rei Leão', que chegou ao cinema no fim de julho e ainda penosamente está em cartaz.
Feito totalmente no computador, a magia da trama se esvai como um sopro. Basta passarem 5 minutos e o tédio aparece sem dó.
A história que há 25 anos emocionou 10 em cada 10 espectadores foi dilacerada em um misto de forçação de barra e a falta de criatividade que atualmente parece povoar os cineastas do mundo todo. Mufasa, Scar, Pumba, Simba e Timão podem até soar engraçadinhos na telona em sua forma aparentemente real, mas os fãs sabem que não se trata de amor correspondido, mas de decepção à altura de traição.
Jon Favreau é o diretor (de outra adaptação sem graça, 'Mogli', 2016) e tem a preocupação somente de levar à geração nova, à dos nascidos após 1990, o que representou o longa de 1994.
Quando a fita VHS verde apareceu nas lojas, os admiradores correram e adquiriram. Nem sabiam que estavam comprando algo que virou relíquia mais de 2 décadas depois. É óbvio que a intenção do lançamento nestas bodas de prata serve, entre outras pontas, a arrecadar milhões em bilheteria. Pobres de nós.
Os computadores são capazes de tudo. E bastou isso para que a qualidade fosse escanteada. Esta roupagem 'nova' de 'O Rei Leão' vai servir, provavelmente, apenas às crianças que não viveram, creio, a derradeira 'Era Romântica' da sala de cinema: meados dos anos 90, quando os produtores ainda pensavam um pouco no público, tinham a preocupação em levar à audiência roteiros bem elaborados coordenados por diretores aficionados ou bem-intencionados. O resto é uma lástima só. 'O Rei Leão' – duração: 118 minutos; cotação: regular.