Acima de qualquer suspeita (publicado originalmente em 3/8/2019)
A história de Theodore Bundy é assombrosa, no mínimo. Nos anos 1970, assassinou dezenas de moças e para isto usou o seu charme, simpatia e conversa fiada.
Tinha um relacionamento com Liz, uma mãe solteira jovem e inocente que conheceu na balada. De olhos fechados, ela teve dúvidas sobre a conduta do parceiro, mesmo após suspeitas e pistas apontarem a ele.
Rompido o caso, Liz escreveu o livro que foi a base para o filme 'A Irresistível Face do Mal', 'Príncipe Fantasma: A Minha Vida com Ted Bundy'.
O diretor é Joe Berlinger, que este ano lançou também o documentário cujo tema é o serial killer. Mas o longa-metragem, que estreou esta semana por aqui, tem o ídolo adolescente Zac Efron e a ex-Branca de Neve Lilly Collins ('Espelho, Espelho Meu', 2013) como os protagonistas.
A intenção do roteiro de Michael Werwie é fixar o drama no casal e na suposta pureza e castidade de Liz, apaixonada de forma cega pelo noivo bandido.
Bundy é preso, há provas contra ele, foge 2 vezes da cadeia e a jovem insiste em botar a mão no fogo por ele. 'A Irresistível Face do Mal' é, apesar do script de tintas fortes na parte fraca da história, a paixão de Liz, linear e de boa vontade.
Filmes baseados em fatos tendem a ser mais fortes e atraem os espectadores. E as atuações de Efron e Collins não comprometem.
As participações especiais adocicam a produção: Haley Joel Osment (o garotinho de 'O Sexto Sentido', 1998, agora aos 30 anos de idade – é o colega de trabalho de Liz), John Malkovich (como o juiz do caso Bundy) e Jim Parsons (Sheldon, da série 'Big Bang: a Teoria' – interpreta o promotor).
Berlinger consegue passar ao público seu objetivo: como alguém pode distorcer as realidades simplesmente negando ou afastando toda a possibilidade cínica da história.
Bundy brigou com advogados, assumiu a própria defesa e quase conseguiu se passar por um sujeito acima de qualquer suspeita. Duração: 108 minutos. Cotação: bom.