O augusto Hitchcock (publicado originalmente em 20/7/2019)
'A Dama Oculta' (1938) tem duas partes, digamos assim. A primeira é se desenvolve no hotel, quando a jovem Íris (Margaret Lockwood) espera, junto com suas amigas, o trem para voltar à casa e se casar.
À noite, ela é atormentada pelo vizinho de cima, Gilbert (Michael Redgrave, pai de Vanessa Redgrave, em sua estreia nas telas, aos 29 anos), músico em início de carreira que ensaia uns passos de sua dança esquisita.
Há várias confusões no hotel porque o trem está atrasado por conta do mal tempo. Estão ali hospedados ainda 2 amigos ansiosos por ir à partida de críquete em Londres, além de outras dezenas de pessoas.
A segunda parte se desenrola no trem propriamente dito. Íris se senta ao lado da sra. Froy (May Whitty). Depois de cochilar, a moça nota que a Froy simplesmente sumiu não só da cabine, mas do trem.
Pior: ao perguntar aos companheiros de viagem pela senhora, os passageiros afirmam que não havia mais ninguém ali, que Íris estava delirando e a sra. Froy é fruto de sua imaginação.
Logo nós sabemos que está em curso a conspiração e a espionagem, onde Froy é a informante do governo inglês, e os que querem derrubá-la fazem parte de um plano de armas.
Hitchcock joga com pistas boas para o deleito do público. Froy, propositalmente, deixa rastros: escreve o nome no vidro da janela, sugere um tipo de chá ao garçom, pede açúcar aos fãs do críquete etc.
Gilbert reaparece, agora para contribuir às ideias de Íris. E a dupla passa a investigar o caso. 'A Dama Oculta' é baseado no livro de mesmo nome, de Ethel Lina White, publicado em 1936.
É fácil, depois de você saber do que se trata, supor os motivos que levaram Alfred Hitchcock a comprar os direitos da obra para transportá-la às telonas. É um filme no qual o Mestre do Suspense mostra ser digno de nossas sinceras reverências. Duração: 96 minutos. Cotação: bom.