Rubens Ewald Filho (publicado originalmente em 22/6/2019)
Rubens Ewald Filho fez a minha cabeça. Quando o programa 'Gente em Destaque', da TV Câmara Jacareí, chegou perto de completar 300 edições, a numeração festiva merecia comemoração, e sugeri ir a São Paulo entrevistar Rubens Ewald Filho.
Era seu fã confesso desde 1997, 98, por aí, quando o vi comentar o Oscar e ressaltar pontos inacreditáveis com uma memória ainda mais impressionante. Sabia tudo: data, elenco completo, nome do roteirista, do diretor de fotografia.
E fazia comparações, baseado em fatos que só ele observava. Era, enfim, um absurdo. Dia 19 de junho, Dia do Cinema Brasileiro, perdemos Rubens, referência para algumas gerações de cinéfilos. Por causa dele, comecei a ler tudo sobre cinema - a história, os filmes antigos, atores e atrizes, e iniciei a minha pesquisa sobre o Oscar - quem ganhou em tal ano, quantas estatuetas conquistou etc.
Há mais de 20 anos assisto ao Oscar na íntegra, não importa a hora que acabe. Via para saber o comentário dele, a ironia refinada, o ponto crucial da qualidade deste ou daquele roteiro. Rubens era uma atração como o Oscar.
Em 1995, a 'Veja SP' o denominou 'O Homem do Oscar'. Acumulava recordes atrás de recordes: era espectador de pelo menos 900 filmes POR ANO, e em seus 74 anos de vida viu cerca de 60 mil longas, curtas, médias metragens.
A lenda sobre assistir a 2 ou mais filmes de uma vez não era lenda. A pura verdade me chocou quando ele próprio me contou na gravação daquele papo da TV Câmara, em outubro de 2015. Em 2018, o jornalista foi mais uma das tantas vítimas da 'temida' PPC (Patrulha do Politicamente Correto).
Pobres coitados esses birutas que miraram nele, e viram o tiro entrar por outro lugar. Em 2019 comentou a festa via Twitter, talvez chateado. Eu lhe enviava e-mails com assiduidade, e ele sempre respondia. Ultimamente o elogiava pelo 'Rubens Responde', no canal da TNT no youtube.
Nesta virada à internet, mostrou-se sem freios, e falava o que desse na telha. Seguiu com o ritmo popular e deixou claro que fazia o que fazia para todos entenderem. Vou sentir saudades e, claro, ver o Oscar nunca mais será a mesma coisa.
Só torço para que o seu último segundo, ou o último suspiro, tenha sido igual, ou melhor, ao do professor Remy, de 'Invasões Bárbaras' (2003). Quem viu o filme sabe do que estou falando.