Homem irracional (publicado originalmente em 8/6/2019)
Woody Allen deve ter juntado alguns roteiros seus espalhados pelo chão, quando os derrubou de sua gaveta, e, ao olhá-los, captou ideias de um, o modelo de roteiro do outro e bolou o seu próximo filme, o que foi lançado lá em 2015.
Trata-se de 'O Homem Irracional', com Joaquin Phoenix e Emma Stone. Pode ter nascido assim. Está a léguas de distância de ser um Allen de categoria, mas tem os méritos. A história é simples: Abe Lucas (Phoenix), professor de filosofia beberrão e depressivo, é contratado a lecionar na faculdade de cidade pequena, onde há o campus.
A aluna Jill (Stone) cai de amores por ele, e também uma professora. A amizade entre o mestre e a discípula se consolida quando a dupla ouve a conversa da mãe desesperada por saber que perderá a guarda do filho por culpa de um juiz corrupto.
A partir daí, Abe tem uma meta: e se por acaso esse juiz saísse de cena para não prejudicar mais a pobre mulher? Matá-lo é a solução. O devaneio do crime perfeito remete a Alfred Hitchcock, tema da coluna nas últimas semanas.
Fantasias psicológicas, diálogos sobre dúvidas existenciais e paixões da mocinha nova pelo quarentão são temperos que Allen proporciona ao público. Sob suas asas, J. Phoenix e Stone estão seguros, e a beleza da atriz é completada pela bela fotografia de 'O Homem Irracional'.
E quando imaginei que o cineasta tinha catado seus scripts e montado este longa, é porque reflete-se nele obras como 'Match Point: Ponto Final' (2005), 'Crimes e Pecados' (1989) e 'Manhattan' (1979, este só lembra em 1%, mas está lá).
Com o costume de lançar 1 filme por ano, Allen, depois de 'Homem Irracional', fez 'Café Society' (2016) e 'Roda Gigante' (17). Depois disso, teve problemas com a Amazon, empresa que financiaria seus próximos roteiros.
Agora, a previsão é que somente em 2020 chegue às telonas o novo W. Allen. 'Homem Irracional' me fez lembrar de 'Festim Diabólico' (1948) e 'A Sombra de uma Dúvida' (1943), ambos de Hitchcock. Duração: 95 minutos. Cotação: regular.