As baladas (publicado originalmente em 27/4/2019)
Seis histórias nada intercaladas, com a morte e a irônica compaixão em comum, são sediadas no Velho Oeste dos EUA.
'A Balada de Buster Scroogs' (2018), da Netflix, a nova produção dirigida pelos irmãos Ethan e Joel Coen, foi indicada a 3 Oscars: Canção Original, Direção de Arte, Roteiro Adaptado. Essas tramas, de cerca de 20, 25 minutos cada, abordam conflitos existenciais, a ignorância da soberba, além do abandono à própria sorte de seres ditos 'atrasados'.
Liam Neeson, James Franco, Tim Blake Nelson e Zoe Kazan são alguns dos atores. Todo o sexteto é tocante, mas destaco 3 deles: o 1º, onde Nelson é o fora-da-lei abusado, admirado pela destreza com as armas e a esperteza com rivais, o 3º, cuja tristeza é o fio condutor – Neeson dá vida a um empresário que toma conta do irmão deficiente físico, um artista em busca de reles trocados, e o 4º, no qual Tom Waits interpreta um idoso solitário que desenvolveu a técnica inventiva para encontrar ouro.
Franco está no 2º, o mais engraçado, onde a disputa dele contra a forca é digna do acaso. Os Coen ('Fargo', 1996, 'Onde os Fracos não têm Vez', 2008) se notabilizaram por realizarem longas complexos, divertidos, com pitadas de humor negro e determinada safadeza, no bom sentido da palavra.
O exemplo é o 6º e último episódio – um grupo heterogêneo viaja na mesma carruagem e, filosoficamente, debatem aspectos da existência humana. O cinismo é praticável aqui. Há alguém que considere 'A Balada de Buster Scroogs' arrastado, ou que fique ansioso pra que logo venha o capítulo seguinte.
Não dê bola. Mas também não brinque com sua paciência. Se você tem repulsa por imagens fortes, fique longe. Se você é fã de cinema, porém, aproveite o embalo, veja deliciando-se com o talento de cada um dos envolvidos.
Os aficionados dos faroestes de outrora se sentirão representados e os novatos podem achar na fita seu atrativo poderoso da sétima arte. Duração: 133 minutos. Cotação: ótimo.