Cadê a minha Mary Poppins? (publicado originalmente em 6/4/2019)
Todo mundo sabe o tremendo sucesso que foi 'Mary Poppins' (1964). Julie Andrews e Dick van Dyke, o resumo da fita é a dupla. Aí, ano passado, o diretor Rob Marshall ('Chicago', 2002) resolveu dar mais uma aventura à personagem.
Convocou a estrela do momento, Emily Blunt, a reviver a babá da família Banks, e o multimídia Lin-Manuel Miranda para dar vida a Jack, e salpicou o roteiro com Meryl Streep em participação especial.
'O Retorno de Mary Poppins' foi lançado no fim de 2018 e, pelo menos aqui no Vale do Paraíba, ficou só 2 semanas em cartaz. A comoção do público foi com prazo de validade, e a tal magia propagada no trailer ficou por ali mesmo.
Há, claro, algumas músicas que têm impacto para as lágrimas, assim como na primeira aparição de Mary, vinda do céu em uma pipa. E até a aparição de Dyke, no alto de seus 92 anos, ainda em forma. Andrews recusou o convite de Marshall.
'É o momento de Emily, e não quero atrapalhá-la', disse a original. Fez bem. Ou então o espectador, eu por exemplo, ficaria ansiosíssimo à espera do instante de seu surgimento no filme.
À parte isso, o script revela que a família Banks está em maus lençóis financeiramente, a ponto de perder a casa. Os irmãos Jane (Emily Mortimer, 'Match Point', 2005) e Michael (Ben Whishaw) não saldaram as antigas dívidas.
Colin Firth ('O Discurso do Rei', 2011) faz o gerente de banco intolerante, na sanha do lobo-mau. No fim, o caldo de 'O Retorno de Mary Poppins' é insosso e sem sal. Nem o figurino ou a direção de arte possuem este ou aquele destaque.
Pensar e recordar da autêntica Mary Poppins é condição sine qua non para quem é fã da sétima arte e sabe muito bem quem é a eterna babá... E Emily Blunt tem a noção. Duração: 135 minutos. Cotação: regular.