Mal Nosso (Our Evil): O masterpiece de Ribeirão Preto

Desde o roteiro à atuação dos atores, trata-se de um terror de respeito.

Estava ansioso por assistir, pois acompanhei a formação da equipe da produtora há muitos anos e as críticas e discussões que giraram em torno do filme, antes mesmo de ser lançado.

Em verdade, em verdade vos digo: Ribeirão produziu uma obra, o longa metragem "MAL NOSSO" (Our Evil), que não é recomendado para crianças. Ou melhor, é recomendado que a criança "fique sentado (a) num sofá de couro capitonê marrom, feche os olhos e tampe bem os ouvidos se ouvir qualquer coisa quando o tio entrar na sala".

O filme retrata um médium exorcista (Arthur) que usa a internet para contratar o serial killer Charles no intuito de proteger sua filha de uma possessão demoníaca. Rodado sem incentivos fiscais, com atores e atrizes locais, escrito e dirigido por Samuel Galli e produzido pela Kauzare Filmes, este filme me deu frio na barriga e o desejo de elogiar!

Cirúrgico na ideação, inteligente no roteiro, quem for assistir precisa saber que espiritualidade, mediunidade, universos dimensionais, terror europeu, inspirações em filmes cult e "estômago para filme de gente grande" são os ingredientes deste bolo que usa da repulsa do horror como ingrediente relevador do amor entre pai e filha. Há "MAL NOSSO" dentro de cada um de nós.

Charles me remeteu a "Onde os Fracos Não Têm Vez" e a direção me levou ao repugnante e proposital "Irreversível", de Gáspar Noe. As cenas do palhaço me surpreenderam pelo êxito da produtora em ambientalizar o aspecto espiritual e dimensional da cena; assim como a maquiagem e

os efeitos impressionam justamente por ser de primeiro mundo. O terror enlaça o nojento da criatura demoníaca com o perturbador vínculo dos espíritos de Arthur - combinação perfeita em filmes de terror com qualidade.

A troca de imagens nas cenas rodadas no ponto de ônibus; a qualidade cênica e direcionamento de olhos exigida aos atores; a externação da frieza em Ricardo Casella; a película de filmagem; o ambiente macabro da casa de Charles; o talento na produção e atuação na cena de assassinato das duas garotas de programa (música em background, genial!) e as combinações de mobília e vestuário fazem deste filme uma feliz surpresa que merece nossa atenção. É de assistir e pedir bis para cada frio na espinha.

Mal posso esperar pela próxima obra da Kauzare Filmes.

Parabéns, parabéns e parabéns: vocês fizeram o impossível.

Aguardo pela estréia da próxima obra.

Alexandre Bonilha
Enviado por Alexandre Bonilha em 25/03/2019
Reeditado em 25/03/2019
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