Chei(r)o de dólares (publicado originalmente em 22/9/2018)
Que os filmes de terror atraem quase sempre milhões de pessoas nos cinemas do planeta, sabemos. E quando se percebe que há nas histórias o chamariz para várias sequências, que juntarão mais público ainda, sai de baixo. A porta arrombada, estopim aos vendavais de dólares, responsáveis por encherem a burra dos produtores de grana.
'A Freira' estreou semana passada. Mas a estrada do roteiro é longa. É filha, digamos assim, de 'Invocação do Mal 1 e 2' (2013-16) e dos dois 'Annabelle' (2014-17). Têm a ver as tramas. Entrelaçam-se. 'A Freira' pode ser considerada o início do horror, o que derivou todas as tragédias seguintes.
O padre Burke (Demián Bichir, ator mexicano indicado ao Oscar – 2011 por 'Uma Vida Melhor') e a noviça Irene (Tassia Farmiga, irmã de Vera Farmiga, a protagonista de 'Invocação do Mal') precisam ir a Romênia atender a um chamado do Vaticano a investigar a morte duma freira, que cometeu suicídio.
Será preciso se confrontar com uma força malévola, representada na imagem da tal freira demoníaca do título da fita (interpretada pela atriz Boonie Aarons, realmente assustadora). Mas o diretor Corin Hardy e os roteiristas Gary Daubermann e James Wan tropeçam em querer incutir no público ideias velhas de terror.
Para tanto, usam subterfúgios frágeis, dominados por trilhas sonoras e sustos bastante previsíveis, ainda que não menos assombrosos. O longa teve locações na própria terra do Drácula e a fotografia tem o destaque surpreendente por exibir as belas paisagens do país.
À parte disto, o horror nas telonas promete continuar – para quem não se lembra, a personagem da freira foi introduzida em 'Invocação do Mal 2', na forma de uma pintura. Era óbvio que o monstro se sustentaria num script isolado e terá a continuação, podem apostar. A quem aprecia este tipo de obra, tudo certo. O cheiro da bufunfa prevalecerá de novo. Duração: 96 minutos. Cotação: bom.