Rebobina até o fim (publicado originalmente em 8/9/2018)
Esses dias na rede social um amigo postou a capa da revista 'Pequenas Empresas & Grandes Negócios' de fevereiro de 1989. Manchete: 'Vídeo Locadoras: Os Segredos de um Negócio de Muito Futuro'. Na foto, o jovem de camisa-gravata, sorridente, tenta segurar várias fitas VHS. Aos olhos de hoje, parece piada.
Era divertido. Relembro algumas locadoras de Jacareí. Nas décadas de 1980-90, de fato, esse comércio se espalhou Planeta Terra afora. O aviso de "rebobinar a fita até o fim" para devolvê-la era a senha que ansiávamos quando atravessávamos a porta rumo ao videocassete.
Eu mesmo, por muitos anos, 11 na verdade, morei na Avenida Siqueira Campos e havia ali a Marajoara. Era criança, e meus pais alugavam fitas do Mazzaropi e desenhos da Turma da Mônica. Na Vila Formosa, a Shadow era a atração dos meus 14, 15 anos. Tinha 17 na inauguração da 100% Vídeo, em 1999.
Na abertura, apanhei 4 filmes, 2 documentários da II Guerra, um antigo de Nicholson, e Woody Allen. A atendente me disse que naquele dia era proibido alugar mais de 3. O dono apareceu e liberou. Em frente ao Cene, a Five Stars. Meus pais iam lá alugar '48 Horas' ou os do Charles Bronson.
No Parque Brasil, New Generation e Gold Video. No São João, Babilônia. No Jardim Paraíba, Cult Video. Superman, Batman e Rocky: O Lutador eram o nosso cotidiano. Às sextas, se alugasse 3 ou 4, devolvia só na segunda. Que maravilha!
Se hoje gosto de cinema (meu irmão gosta mais que eu) aprendi nestes lugares, vendo blockbusters de fama mundial. Só depois dos 17, 18, descobri Hitchcock, Bergman, Truffaut, Godard, Chaplin, Audrey, Marilyn, Kurosawa, Kieslowski, Coutinho, Glauber, Coppola, Darín, Diegues.
Dá saudade de ir às locadoras, garimpar os VHS. Época boa. Hoje, tudo é fácil, rápido. A internet estragou tudo.