Van Gogh, com amor (publicado originalmente em 30/6/2018)
O ganhador do Oscar de melhor animação deste ano deveria ir para ‘Com Amor, Van Gogh’ (2017), e não a ‘Viva: A Vida é uma Festa’. Sou, sempre serei a favor de experimentos nos longas-metragens de desenhos.
E ‘Com Amor, Van Gogh’ explora, por meio das pinturas feitas pelo pintor holandês (1853-1890), a beleza de uma investigação sobre o desaparecimento deste. E o trabalho hercúleo impacta quando se sabe como foi feito.
A equipe dos diretores Dorota Kobiela e Hugh Welchman, composta por 100 pintores, rabiscou, em estúdios poloneses, cada um dos 65 mil frames (pedaços do vídeo) da fita. Fizeram isso usando as técnicas de Van Gogh! Tudo ocorreu após, claro, as filmagens com todos atores reais.
Foram 6 anos de dedicação insana, diga-se. A trama começa um ano depois da morte do artista. Armand Roulin, filho do carteiro Joseph, é o
personagem central. Ele é sempre visto com seu mesmo figurino: jaqueta amarela e chapéu, tal qual VG retratou. Sim, Armand existiu realmente.
E a situação semelhante acontece com os demais do elenco, de surgirem com a roupa igual, a maioria foi contemplada pelo holandês. É como se a película ganhasse vida de fato. O resultado é tão magnífico que pouco importa se a estrutura do script seja banal. As conversas dos personagens rendem alguns flashbacks da trajetória do pintor, de maneira didática até.
Armand, então, decide por conta própria bancar o detetive e saber se foi VG quem cometeu suicídio com um tiro na barriga ou se foi morto e teria dito aos outros que ele mesmo disparou a arma, com o intuito de acobertar o assassino.
E temos um suspeito: seu médico Paul, um artista frustrado. A reconstituição do ‘crime’, montada pelos dois diretores, não oferece conclusões. Merece ser visto por você. Duração: 94 minutos. Cotação: ótimo.