Denzel, impassível (publicado originalmente em 23/6/2018)
O ator Denzel Washington, desde o razoável trabalho desenvolvido em ‘O Voo’ (2012), conseguiu por força da carreira, recuperar um pouco do prestígio de outrora. Coadjuvante em ‘Filadélfia’ e um dos astros em ‘O Dossiê Pelicano’ (ambos de 1993), havia participado de obras menos
badaladas, como, por exemplo, ‘O Colecionador de Ossos’ (1999) e ‘O Gângster’ (2007).
Isso sem falar naqueles filmes desprovidos de qualquer arremedo de preocupação com a inteligência do espectador, casos de ‘Déjà Vu’ (2006), ‘O Sequestro do Metrô 123’ (2009). Em ‘Um Limite entre Nós’ (2016) e, principalmente, ‘Roman J. Israel, Esq’ (2017), Denzel, 63 anos de idade e 40 de carreira, recuperou as rédeas.
Tanto que recebeu indicações ao Oscar por esta dupla de fitas. Hoje comento a do ano passado. Com script e direção de Dan Gilroy (‘O Abutre’, 2014), o ator de ‘Dia de Treinamento’ (2001) encarna mais um protagonista. É um advogado de defesa com ideais bem traçados e delineados.
Roman decide mudar de firma depois que o seu chefe morre. Não demora para que passe por uma crise moral ao precisar e aceitar a tarefa de defender Bailey (Niles Fitch), acusado de homicídio. Roman, que nunca teve a real chance profissional na vida, tenta se equilibrar entre a sua ideologia e as injustiças do cotidiano, tudo isso misturado a
tomadas de decisões que necessitam ser resolvidas de forma ágil.
O cinismo, passo a passo, toma corpo e quase que nos decepcionados com o personagem de Denzel. Gilroy pode celebrar mais um feito: ‘Roman J. Israel, Esq’ é um baita longa-metragem não somente sobre os advogados. É além disso. Mexe com a consciência, a habilidade em
demonstrar confiança em si próprio e manejar o destino de modo satisfatório. É um roteiro espetacular, inquieto e sem ‘papas na língua’. Duração: 122 minutos. Cotação: ótimo.