Margot Kidder (publicado originalmente em 2/6/2018)
Fernanda Montenegro, no alto de seus quase 90 anos, costuma dizer: ‘A vida é a eterna despedida’. E aos poucos faço jus a esta afirmativa. Há 15 dias a eterna Lois Lane se foi e finalmente vai poder ter o seu encontro com o eterno Clark Kent / Superman (Christopher Reeve, morto em outubro de 2004, aos 52 anos).
Margot Kidder faria 70 anos em outubro e provavelmente viria ao Brasil, na já famosa Comic Con, para celebrar junto aos fãs os 80 anos da personagem que imortalizou ao lado de Reeve. Não foi fácil escolher Margot ao papel. Nos extras do DVD de ‘Superman’ (1978) ela chega um pouco a desdenhar de Lois e a não levar tanto a sério a repórter do Planeta Diário.
Ao contrário de C. Reeve. “Christopher entrava na do Superman e nem saía da pose, com as mãos na cintura e tal. E eu falava a ele: ‘Relaxa um pouco, se solta’. Não adiantava. Ele permanecia ali, estático. Era o verdadeiro herói”, disse na entrevista ao DVD. Margot era (e é ainda, porque não?) um de meus ídolos da infância.
Esta memória afetiva pode soar parcial num momento desses. No meu caso, totalmente. A cena do Super-Homem salvando Lois Lane – ele a agarra no ar com uma das mãos e com a outra pega o helicóptero, para delírio dos transeuntes que acompanhavam atônitos a quase tragédia no heliponto do Planeta Diário –é inesquecível.
“Você me pegou! Mas quem pegou você?”, está no panteão das grandes frases da história do cinema. Cada vez que a vejo quase choro. Os olhos amendoados de Margot Kidder, e a sua boca de lábios finos, davam a ela um perfil meio frágil à pele da jornalista. Mas ela, canadense de nascimento, com 1.68 metro, era bem mais.
Pelos 2 primeiros longas (lançados em 1978 e em 1980), recebeu de cachê 110 mil dólares. Já no terceiro, de 1983, no qual aparece bem menos, mas com sua fama nos cumes da sétima arte, levou 700 mil dólares. Completou meio século de carreira em 2018 e rodou 10 fitas antes de encarnar Lois Lane a primeira vez.
Trabalhou em séries de TV também. Além das histórias do Homem de Aço, participou de quase outras 100 películas, bem menos badaladas. O que fica, de verdade, é para sempre a paixão platônica entra Lois e Clark – Margot e Christopher, que me desculpem os filmes do Superman do século 21. São marcas indeléveis e imaculadas do tempo de criança. E que eu levo até hoje. Palmas a Margot.