Lei do Silêncio (publicado originalmente em 21/4/2018)
‘Um Lugar Silencioso’, em cartaz por aqui há uma semana, é a mistura de suspense e terror que pode soar original, revelador, esplêndido. E é isso tudo mesmo realmente. Parte do princípio de que há um lugar na Terra devastado e ermo. Quase não existe vida. Neste ambiente, uma família se esforça para sobreviver.
Com um detalhe: sem fazer qualquer tipo de barulho, pois há seres que são atraídos pelos sons e matam quem quer que seja. Trata-se de filme muito trabalhoso de se fazer por ser muito rico em detalhes, como a direção de arte e a edição de som. A fotografia importa, mas o script tem a tarefa de prender o público com dezenas de sequências absolutamente sem quaisquer ruídos.
Dirigido por John Krasinski, ator de várias séries de TV dos EUA, ‘Um Lugar Silencioso’ tem a sua esposa, Emily Blunt, como protagonista. Emily é, digamos assim, a nova queridinha de Hollywood, na vaga que foi ocupada até algum tempo atrás por Jennifer Lawrence, que chegou a
ganhar Oscar. A roda gira bem rápido.
Emily tem feito fitas que têm dado o que falar, pelo menos, como ‘A Garota do Trem’ (2016). Em 2006, surgiu no cenário quase como figurante de luxo em ‘O Diabo Veste Prada’, ao lado de Anne Hathaway e Meryl Streep. Em ‘Um Lugar Silencioso’ ela é Evelyn, a mãe de Regan, uma garota surda e muda (na vida real também) e Marcus.
Ela e o marido, Lee, perderam Beau, o filho mais novo, para essas figuras monstruosas, por um descuido de Regan. Há somente 7 atores que atuam, sendo que os 4 da família possuem o destaque. É claro que J. Krasinski, vez ou outra, se rende um tanto aos sustos fáceis, carregado de trilha sonora afiada.
Porém, empobreceria a análise da obra se fosse comentada somente por esse aspecto. Num primeiro momento, pensei em ‘Guerra dos Mundos’, o livro. Pode-se fazer um paralelo com ‘Um Lugar Silencioso’. Mas também, como disse um amigo, é como se fosse o M. Night Shyamalan
com a mão boa, de ‘O Sexto Sentido’ (1998) e ‘Corpo Fechado’ (1999).
E, enfim, uma curiosidade: a sala de cinema aonde assisti ao filme ficou toda ela em completo silêncio durante 100% da exibição. É emocionante até perceber como a história, por seu teor, influencia o espectador de alguma forma, ainda que veladamente. Merece palmas. Duração: 88
minutos. Cotação: bom.