20 anos sem Geny (publicado originalmente em 14/4/2018)

O ostracismo é como a pele em carne viva. E quando envolve um (a) artista, a situação se torna muito lamentável. Mostro um exemplo na coluna de hoje. Aposto com você, leitor (a), que nada sairá na TV ou jornal sobre os 20 anos do desaparecimento da atriz Geny Prado.

Mais: você sabe quem foi ela? A aquelas pessoas com mais de 45 anos de idade, a resposta é mamão com a açúcar. Genny (seu nome de batismo tinha 2 ‘n’) Almeida Prado, nascida na cidadezinha de São Manuel, interior de São Paulo, em 12 de julho de 1919, teve uma carreira de sucesso retumbante.

Começou em emissoras de rádio na década de 40, com seus 20 e poucos anos. Era locutora de comerciais. Numa das estações, conheceu Amácio Mazzaropi. Este a convidou pra fazer parte de seus filmes. Já na estreia de Geny nas telonas, em 1959, com ‘Chofer de Praça’, interpretou a esposa de Mazzaropi, Augusta.

Daí à frente, outros 17 longas-metragens estrelados pelo caipira de Taubaté contaram com a parceria da atriz, sempre como sua esposa turrona, submissa e sentimental.

Em 1969, após as filmagens de ‘O Jeca e a Freira’ (1968) e ‘No Paraíso das Solteironas’, filmou ‘Golias Contra o Homem das Bolinhas’, ao lado do comediante Ronald Golias. Mas o papel era pequeno – a mãe de Laura (Zilda Cardoso, na época com 32 anos). A trajetória profissional de Geny, que morreu em 17 de abril de 1998, três meses antes de chegar aos 79 anos, teve a regularidade que a fama ao lado de Mazzaropi permitiu.

Ao mesmo tempo, esteve na TV com participações em novelas famosas, como ‘Éramos Seis’ (1977, a primeira versão) e ‘O Direito de Nascer’ (1978, a segunda versão), porém, sem o brilho das telas grandes. Ela sabia trabalhar bem. Na tênue linha entre a soberba e a humildade, Geny conseguiu abrilhantar a carreira de Mazzaropi, e a sua própria, consequentemente.

Depois da morte dele, em 1981, atuou por mais 4 anos apenas. Foi a convidada especial do diretor André Klotzel para ‘A Marvada Carne’ (1985), no papel de Policena. E ainda em 1985 se despediu da profissão na novela do SBT ‘A Esperança no Ar’, como Maria. Afastou-se das câmeras.

Pouco tempo depois foi esquecida pelo público, mídia. Em meados dos anos 90, com mais de 70 anos, descobriu ser portadora dum câncer. E se foi em 98. A dobradinha com Mazzaropi, todavia, permanece nas reprises das fitas (a TV Brasil costuma exibir aos sábados). Tomara que no ano que vem alguém se lembre dela no mês de julho, o de seu

centenário.

Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 23/04/2018
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