Cadê as risadas? (publicado originalmente em 31/3/2018)
As comédias nacionais têm repercutido bastante nos últimos anos –seja pelo lado positivo ou mesmo no negativo. Figuras como Leandro Hassum, Fábio Porchat e Marcelo Adnet conseguiram arrecadar milhões de Reais com lacuna deixada nas década de 1990 e 2000 por
personagens que poderiam ter entrado nas telonas, mas por alguma importunação não estiveram na lista, casos de Miguel Falabella, Chico Anysio, Tom Cavalcante e Tiririca – com as qualidades discutíveis de cada um (Miguel e Chico, por exemplo, optaram por rodar filmes ditos ‘sérios’, como ‘Polaroides Urbanas’, 2008, e ‘Redentor’, 2004, e ‘Tieta’, 1996).
Os comediantes realmente só ‘descobriram’ a sétima arte nos últimos tempos. E agora deve vir uma nova leva. ‘Os Farofeiros’ (2018), com Maurício Manfrini (o Paulinho Gogó, de ‘A Praça é Nossa’, ex-‘Escolinha do Professor Raimundo’), Danielle Winits, Cacau Protásio (quem vê os
programas do Multishow a conhece bem), e Aline Riscado (a Verão do comercial de cerveja) é um longa-metragem horrível, para começar.
Quase não há qualquer graça nele – está em cartaz desde a semana passada. A direção é de Roberto Santucci (dos também infelizes ‘Um Suburbano Sortudo’ – 2016, a trilogia ‘Até que a Sorte nos Separe’ –2012 a 2015 e os dois ‘De Pernas pro Ar’ – 2010 e 2012). O roteiro é de Paulo Cursino (destas fitas que citei anteriormente) e Odete Damico.
Ou seja: trata-se do grupo que juntou sacos de dinheiro às nossas custas com trabalhos impertinentes e agora quer de novo nos engabelar. ‘Os Farofeiros’ tem tido pouca repercussão. Ufa. O que se vê na tela é a sucessão de esquetes, como se a ‘Zorra Total’ de anos atrás estivesse diante de nossos olhos.
Na trama, Lima (Manfrini), casado com Jussara (Cacau) é o funcionário relapso de uma repartição que arruma para as férias uma casa de praia aos amigos Alexandre (Antônio Fragoso), casado com Renata (D. Winits) e os filhos, além de Diguinho (Nilton Bicudo) e a namorada Elen
(Riscado).
Mas acontece que a casa alugada por Lima é um pardieiro, no meio do mato, a léguas da praia mais próxima. Assim, todos ali precisam enfrentar as mazelas do local, como a sujeira abundante, poeira, pernilongos (ou será aedes aegypti?). Renata é uma dondoca que manda no marido e se digladia com Jussara, a quem tudo está bom – Lima, você já notou, é aquele parente folgado que todo mundo tem, que fala: ‘Relaxa, porque as coisas se ajeitam’.
Enfim, uma comédia acinzentada, que não recomendo por causa da qualidade rasa e forçadas de barra infindáveis. Cheguei a ficar constrangido quando saí da sala de exibição. Duração: 100 minutos. Cotação: péssimo.