Dança e arrogância (publicado originalmente em 27/1/2018)
No Natal estreou por aqui ‘O Rei do Show’ (2017), com Hugh Jackman e Michelle Williams nos dois papéis centrais e a atmosfera de superação, empreendedorismo e reviravolta como pano de fundo. O tal ‘American Way of Life’ está presente o tempo todo. O estilo de ‘você pode também’
ou ‘não largue os seus sonhos’ são a base de sustentação da fita dirigida pelo estreante Michael Gracey.
Ele impôs ao filme o ritmo de um musical empolgante e de estilo diferente do de ‘La La Land’ (2016), por exemplo, que puxa mais à melancolia e à frustração. Em ‘O Rei do Show’, temos Barnum (Jackman), filho dum alfaiate. Na infância, é maltratado por um rico esnobe e se apaixona pela filha dele, Charity (Michelle Williams, sempre encantadora, bela e talentosa).
Casam-se. A partir daí, Barnum arrisca-se para dar à esposa e às duas filhas, Caroline (Austyn Johnson) e Helen (Cameron Seely) a vida confortável que ele não teve. Com este fim, atrai as ditas ‘aberrações’: mulher barbada, o homem mais gordo, o mais alto, o tatuado, o com pelos por todo o rosto etc. O circo é um sucesso, mas há controvérsias.
Gracey explora bem a situação de arrogância do personagem de Jackman.
Aos poucos, com a fama repentina e agraciada, Barnum atinge o ápice quando contrata a cantora Jenny Lind (Rebecca Ferguson) a uma série de shows. Antes, a trupe de Barnum era rejeitada pela ‘elite’, e o
preconceito o atingia forte em seu âmago.
Roteirizado por Jenny Bicks (‘Rio 2’, 2014) e Bill Condon (‘Chicago’, 2002, e diretor de, por exemplo, ‘A Saga Crepúsculo 1 e 2’, 2011-2012), ‘O Rei do Show’ tem números de dança bastante ensaiados e contagiantes, com Jackman de forma surpreendente no balé. E Zac Efron, ex-astro teen, preenche a lacuna do galã jovem da trama.
O romancezinho que o seu personagem Phillip tem com a trapezista Anne (Zendaya) serve para que a obra possua o açúcar que talvez falte ao casal principal. É baseada em fatos reais. Phineas Taylor Barnum (1810-91) foi um dos primeiros empresários do ramo do entretenimento e milionário do show business. A turnê com Jenny foi em 1850, e ele pagou a ela a quantia, à época astronômica, de 1.000 dólares por dia, durante cinco meses.
Duração: 104 minutos. Cotação: bom.