Sustos por trilhas (publicado originalmente em 2/9/2017)
A primeira ‘Annabelle’ (2014) assustou o público com cenas macabras e de cunho bem duvidável. A história da boneca de odores satânicos brilhou nas bilheterias e amealhou um punhado de fãs.
Óbvia a sua sequência, lançada semana passada nos cinemas. Desta vez o roteiro nos coloca para sabermos o início de toda maldade do brinquedo. Os Mullins – Samuel (Anthony LePaglia) e Esther (Miranda Otto – por coincidência, dois atores nascidos na Austrália) – vivem reclusos há 12 anos desde a perda da filha, atropelada. Religiosos,
resolvem abrigar alunas de um colégio de freiras em sua grande casa.
Ex-marceneiro, Sam fabricou a tal boneca assustadora e a deixou num canto neste tempo todo. E no momento em que as novas hóspedes chegam, se iniciam os sustos.
Não sou admirador de certas fitas de assombrações. Há algumas de bastante qualidade, mas não é o caso aqui. ‘Annabelle 2: A Criação do Mal’ (2017) é a obra de terror onde o espectador entra em pânico mais com a trilha sonora muito bem trabalhada para tocar na hora determinada a figuras ou situações de cunho horrível. Se você só tapar os olhos e escutar a trilha, notará que tenho razão.
O roteiro de Gary Dauberman (‘Annabelle’ e a refilmagem de ‘A Coisa’ (programada pra ser lançada agora no feriado) propõe as duas irmãs Linda e Janice em perigo junto às demais aspirantes a freiras na casa dos Mullins... Qual é afinal o segredo de Annabelle? Se você pensar
direitinho, seguirá o caminho correto para responder.
O diretor David Sandberg estruturou a película a jamais preservar o público e quem ficou fã do filme de 3 anos atrás, creio, se decepcionará com a novidade. O trajeto fica evidente. Sem spoilers, cravo que existirá daqui a 2 ou 3 temporadas o terceiro longa da boneca. É simples assim: quando se arrecada os milhões nos ingressos, o estouro da boiada vem de uma vez.
E gera cópias e mais cópias. Exemplos não faltam: ‘O Boneco do Mal’ (2016, comentado neste espaço ano passado) e ‘A Boneca do Mal’ (2014). São todos filhos de ‘Chucky: O Brinquedo Assassino’ (1988) e afins. Sobre isso, dá uma tremenda saudade dos anos 1980, quando
pipocavam longas de terror trash, como o citado. A década de 80, de certa forma, homenageou os 1960, onde Roger Corman fulgurava com seus filmes B, lançando artistas como Jack Nicholson.