Na cozinha (publicado originalmente em 6/8/2016)
A onda de programas sobre culinária não passa. Em todos os canais de TV praticamente temos pelo menos um ali. E nesta marola há um filme que passou quase despercebido pelos cinemas entre o fim do ano passado e o começo deste: ‘Pegando Fogo’ (2015). Tem o galã do momento, Bradley Cooper, no papel principal.
Ele é Adam Jones, um chefe de cozinha arrogante, alcoólatra e viciado em drogas que parte em busca de um novo emprego enquanto é perseguido pelo pessoal barra pesada, que quer lhe cobrar dívidas deixadas por ‘mau comportamento’. Ele reúne amigos de outrora para mais esta empreitada e consegue trabalho num hotel, cujo herdeiro é, de forma velada, apaixonado por ele.
E o maior objetivo de Jones é conseguir a terceira estrela do Guia Michelin, tarefa considerada difícil, se não impossível, pela rigidez e árduo suspense com que os críticos da publicação trabalham: vão em par, pedem água da torneira, deixam cair de propósito um talher pra ver se os garçons percebem etc.
‘Pegando Fogo’ é dirigido por John Wells, o mesmo do tenso ‘Álbum de Família’ (2013), que rendeu indicações ao Oscar a Julia Roberts e Meryl Streep. Mas, baseado em livro de Michael Kalesniko, esta trama lançada praticamente ‘às escuras’ nada provou, nada teve a dizer de relevante.
Sem quaisquer traços de esmero e compaixão. Aliás, Cooper repete, de certa maneira, a tagarelice e a loucura de seu personagem em ‘O Lado Bom da Vida’ (12), que tinha mania de perseguição e não batia bem da bola, e o de ‘Snyper Americano’ (2014). Este A. Jones dá aulas de estrelismo e não economiza humilhações e esporros em seus comandados. Mas ele acha uma bela mulher, Helene (Sienna Miller), que bate de frente. O fato inesperado o balança e o desfecho vocês podem imaginar sem eu dar os meus spoilers.
Tive oportunidade de rever o ótimo Omar Sy, o ajudante do cadeirante do tocante ‘Intocáveis’ (2011), filme francês que rodou o mundo e fez boa fama. Em ‘Pegando Fogo’ ele interpreta um dos amigos de Jones. Ele possui o destaque que faz o filme guinar pra um lado menos sombrio ou menos medroso.