Rocky deveria morrer (publicado originalmente em 11/6/2016)

Não adianta enganar. Se você assistiu à festa do Oscar deste ano ficou muito ansioso na hora em que ia ser anunciado o ganhador do prêmio de melhor ator coadjuvante. E se você é fã dos filmes de ‘Rocky: Um Lutador’, pior ainda: já devia estar com lágrimas prontas pra escorrer. Aí veio o Mark Rylance, de ‘Ponte dos Espiões’ (2015) subiu ao palco e recebeu aquela estatueta dourada.

Por ‘Creed’, Sylvester Stallone era o franco favorito, mas ficou abanando as mãos. Pobre gente somos nós, crentes de que poderia dar certo. Na verdade, deu. Em ‘Creed’ temos, quem sabe, o melhor desempenho do brutamonte setentão desde o longa protagonizado por Balboa lá em 1976.

Quase quatro décadas depois, Rocky vive o dia a dia comezinho de seu restaurante, onde passa o tempo contando as histórias de outrora aos frequentadores.

Um dia, Adonis Johnson (Michael B. Jordan), um jovem que viveu a vida toda em orfanatos e tem pavio curto, aparece e diz ser neto do lendário Apollo Creed, o boxeador que derrotou Balboa na fita de 1976, perdeu em ‘Rocky II’ (1979), o treinou no terceiro (1982) e morreu na quarta sequência (85), em decorrência da luta De início desconfiado e relutante, Balboa aceita treinar o jovem, apesar de estar afastado do mundo das lutas há tempos. No mais a mais, o que segue é igual aos demais scripts: treinamentos um tanto bizarros, problemas de Adonis com a namorada e a ansiedade pela batalha do ringue.

Com a direção do estreante Ryan Coongler, o filme em si se arrasta a partir de um determinado momento, pois o interessante, todos sabem, é a luta. As demais enrolações captam o aroma da trama, mas uma delas é o ingrediente do que poderia ser o desfecho impactante e ousado: (atenção, contêm spoilers) a doença de Rocky.

Ele descobre ser portador dum câncer e enfrenta o dilema de ficar ou não ao lado do aspirante a celebridade. Aí Coongler, que também roteirizou, deixou escapar a chance de ouro: ele deveria ter matado Rocky. S. Stallone deve ter interferido. Mas seria um fechar de cortinas brilhante.

Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 20/06/2016
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