A história de Joy (publicado originalmente em 7/5/2016)
O mestre Rubens Ewald Filho acertou na mosca: ‘Jennifer Lawrence é uma ótima atriz, mas está no papel errado’. A personagem, Joy Mangano, é uma típica mulher estragada pela vida. A família é bem torta, no sentido anti-horário. A mãe não sai de casa e passa o tempo de frente à TV assistindo a uma mesma novela.
O pai, trambiqueiro, troca de parceira como muda de roupa. A irmã abusa da folga e vive à custa dos outros. Criativa desde a infância, Joy teve o incentivo da avó para prosseguir, porém o dia a dia fez com que ela topasse desistir dos sonhos. No script de ‘Joy: O Nome do Sucesso’ (2015) estão todos os ingredientes a se fabricar a história de nossas vidas.
Fracasso misturado com ardor, a perseverança de mãos dadas com a teimosia, o lance de sorte atado à persistência. Na construção da obra, o diretor David O. Russell – adivinhem! – chamou sua trupe de outros trabalhos (‘O Lado Bom da Vida’ e ‘Trapaça’). Além de Lawrence, compõe o elenco Bradley Cooper (o diretor da TV que dará a Joy a chance de se consagrar) e Robert DeNiro.
Explico melhor: Joy é inventora e lhe tomaram a chama de viver. O lar partido, dois filhos pra criar, o ex-marido morando na mesma casa e sucessivas dívidas financeiras a fazer esquecer quem ela foi quando petiz. Mas num determinado momento da vida, quando tudo parece sumir abaixo dos seus pés, Joy decide investir nela mesma. A invenção de um esfregão prático às donas de casa faz a chefe de família tentar aspirar degraus mais altos.
Parte em busca de se firmar e esbarra em Neil Walker (Cooper), que lhe estende a mão. Após o início difícil, o sucesso vem. Trata-se de uma trama baseada em fatos reais. Joy tem hoje 60 anos e é milionária. Ela não criou apenas o tal esfregão, mas outras dezenas de coisas. Entretanto, Lawrence não era apropriada a interpretar a protagonista.
O rosto límpido, jovial e de pele lisa não conseguem passar ao público a veracidade do sofrimento por que passa a mulher. Digamos que a atriz fez tudo a envelhecer pro papel, mas não conseguiu. O longa-metragem até que tem momentos marcantes, mas na maioria das vezes deixa a desejar. Das produções de David O.Russell, ‘Joy’ é o menos empolgante.