Romance com sal (publicado originalmente em 2/4/2016)
O mundo conheceu a atriz Saoirse Ronan (até hoje não sei como se pronuncia o nome dela) em 2007, quando o filme ‘Desejo e Reparação’ a lançou, então de 12 pra 13 anos. Finalista na categoria Melhor Coadjuvante naquele ano, apareceu aos holofotes. Desde então, aqui e ali, pulou de fita em fita, quais fossem as suas qualidades. Ano passado protagonizou ‘Brooklyn’, drama sobre as escolhas certas da vida.
Saoirse é Ellis, moça recatada da Irlanda que vai morar no Brooklyn, bairro americano, para as realizações de sonhos. Tímida, ingênua, pacata no início, aos poucos se transforma. Se no começo da jornada ela sente falta da família (mãe e irmã), tempos depois ela se enturma, trabalha e conhece um bombeiro italiano, Tony (Emory Cohen), pelo qual se apaixona. Mas uma fatalidade a faz regressar à terra natal. Lá (sem spoilers) uma dúvida mexe em seu coração. A volta aos EUA fica meio pendente.
Dirigido pelo desconhecido John Crowley, ‘Brooklyn’ merece ser destacado pela fotografia e o roteiro que é de um falso romantismo. O script encobre certa seriedade que a trama quer ter, mas não é útil neste caso. Tem sal. Saoirse se sai bem. Por ser bastante jovem (faz 22 anos em abril) precisa demais do diretor. Crowley sabe conduzi-la. Se em determinados momentos ela quase escapa do real e deseja arriscar-se no ‘mexicanismo’, abusando do dramalhão, logo percebemos que o comandante da nau a traz de volta ao centro do eixo.
E foi por conta disso, creio, que a atriz conseguiu a segunda indicação ao Oscar, agora no quesito principal... Em meu ranking, das 5 foi a quarta melhor, atrás, pela ordem, da ganhadora Brie Larson (por ‘O Quarto de Jack’), Charlotte Rampling (‘45 Anos’) e Cate Blanchett (‘Carol’). Saoirse, que tem apenas 11 anos de carreira, ganhou de Jennifer Lawrence (‘Joy’). Está bem.
A dualidade sempre presente em ‘Brooklyn’ sustenta todo o longa-metragem. Ao mesmo tempo em que Ellis pensa na independência, pesa o lado da família e a descrença no futuro, que está próxima a ela. Vale a pena assistir à película não porque se trata de mais um romancezinho à toa, daqueles que se sabe o desfecho sem fazermos força. A proposta é vê-lo com alma aberta, sem se preocupar tanto.