A doce menina (publicado originalmente em 19/3/2016)
Quando se fala em animação oriental, sobretudo a japonesa, o primeiro nome que vem à cabeça é o de Hayao Miyazaki, de ‘A Viagem de Chihiro’ (2001), ganhador de muitos prêmios, dentre eles Oscar de 2003. Neste 2016, um dos concorrentes na categoria Animação foi ‘As Memórias de Marnie’, dum fã de Miyazaki, Hiromasa Yonebayashi. De forma geral, as histórias da terra do sol nascente falam de misticismo, espiritismo ou romances velados.
No caso da produção de Yonebayashi, os ingredientes se misturam. Trata-se das aventuras de Anna, garota solitária e órfã, que sai da cidade grande para a aldeia onde estão alguns parentes. Ela tem asma e no interior o ar é mais puro. Lá, a jovem, que ama desenhar, se dedica a este afazer. Em um determinado dia, vê um casarão estranho e pergunta sobre.
O mistério começa. De repente, Anna é surpreendida com Marnie, a garota loira que mora naquela mansão. Delírio, realidade? Anna diz a verdade sobre Marnie? Talvez seja apenas imaginação. Será? As cores trabalhadas por Yonebayashi e seus traços simples dão o tom de magia. Em ‘As Memórias de Marnie’ tudo é levado ao lado fantástico, ao mesmo tempo em que se encaixa um roteiro não tão original assim, mas de força.
A meiguice de uma relação entre duas pré-adolescentes permeia todos os diálogos. Aos poucos, Anna se encontra no mundo, faz amizades e tudo começa a fazer sentido. E é outra parceria, Sayaka, garota esperta de 8 anos, que a ajuda a vasculhar o passado e a descobrir se tudo o que Anna sabe é verdade ou somente paisagem. Marnie, sempre com o seu impecável vestido branco, não é exatamente o que parece ser. Ilusão? Miragem? Carência? Ternura? Amor simples? A resposta, ao contrário do que se possa prever, não salta aos olhos.
Yonebayashi consegue manejar os ingredientes da aventura e prende a atenção do espectador com um enredo que parece frágil e pobre, porém derruba os mais céticos pela pureza e ingenuidade. De forma evidente, dentre os 5 finalistas, ‘As Memórias de Marnie’ era um dos mais fracos. Ganhar de ‘Divertida Mente’ era impossível. Daqui, ‘O Menino e o Mundo’ também é ótimo.