Dicas de começo de ano (publicado originalmente em 16/1/2016)
Como esta é a primeira coluna de 16 darei sugestões praqueles que desejam ver filmes ou ler os bons livros nestes dias iniciais. Vou me concentrar no tema do último texto de 2015, ou seja, é Franz Kafka na veia. O YouTube nos proporciona singulares surpresas.
Cito duas: um curta de animação e um média-metragem. O primeiro foi dirigido pelo cineasta polonês Piotr Dumala. Trata-se dum resumo da vida de Kafka. Totalmente em preto-e-branco, com tons de cinza muito bem feitos e elaborados, o vídeo mostra, sem falas, a trajetória, os medos, as dúvidas, os caminhos percorridos pelo escritor de ‘Carta ao Pai’.
Filmado em 1992, este curta tem 16 minutos de duração e vale a pena. O média-metragem, também captado via YouTube, é ‘A Metamorfose’ (1975). Rodado especialmente à TV tcheca, a montagem dirigida e roteirizada por Jan Nemec transportou de forma clara e precisa a história de Gregor Samsa. Ao optar por não mostrar o ‘verme monstruoso’ no qual o protagonista se vê metamorfoseado, J. Nemec nos trava o suspense e deixa os atores atordoados. É tudo bem sacado.
Ainda mergulhado neste mundo kafkiano recomendo o documentário ‘Quem Foi Kafka?’ (2006), do diretor suíço Richard Dindo. Você o encontra também no site de vídeos compartilhados. A ideia dele foi boa: atores interpretam amigos e parentes do autor de ‘Na Colônia Penal’ e leem trechos de cartas ou diários que têm a ver com Kafka.
Alexander Wachholz, por exemplo, é Max Brod, amigo, biógrafo e testamenteiro de Kafka. No documentário, vemos fotos e pedaços dos pensamentos do escritor de origem tcheca. A pergunta do título da obra não é respondida, mas o fã de Kafka é instado a se coçar e procurar obras do autor... Kafka é necessário no planeta dos ‘absurdos normalizados’ que vivemos.
Por fim, uma expectativa. Está programado para estrear em meados de 2016 a versão filmada de ‘Ele Está de Volta’, livro de Timus Vermes. O longa está em cartaz na Alemanha desde outubro e conta a aventura de Adolf Hitler no século 21, quando, em 2011, por um acaso desses da vida, desperta num terreno baldio de Berlim.
Incrédulo com os rumos que seu falso país-natal vive (Hitler era austríaco), o ditador embarca, com ajuda de amigos e funcionários de uma emissora de TV, numa trajetória de recomeço. Dirigido por David Wnendt, a produção promete. É uma das minhas favoritas para o ano.