'O Pequeno Príncipe' (publicado originalmente em 15/9/2015)
Quem ama cinema sai da sala de exibição de ‘O Pequeno Príncipe’, que estreou semana passada aqui, com a alma lavada. O longa-metragem dirigido por Mark Osborne (de ‘Kung Fu Panda’, 2008) tem o todo de uma produção onírica, poética e mágica. O melhor: sem cair em clichês e sem ser piegas. Aos que conhecem o livro do francês Antoine de Saint-Exupéry, as imagens parecem fundir-se com todas as páginas e a emoção de ver a fita permeada pelos ‘stop motions’ (confecção quadro a quadro, como se os personagens tivessem sido feitos de massinha de modelar) é de se encher os olhos. A duração é de 108 minutos. Você não vê o tempo passar... Não se trata de uma película arrastada, bem molenga.
Na história, a menininha tem a vida totalmente controlada pela mãe, obcecada por trabalho e ordem. As 24 horas do dia são cronometradas pra que a garota se esforce pra entrar na escola desejada. E até por isto, elas se mudam pra uma casa afastada. Porém, a rotina é alterada quando a filha conhece um velhinho amalucado, com mania de reconstruir um avião caindo aos pedaços. Ele quer voar pro céu e rever o amigo, o Pequeno Príncipe, que vive sozinho num planeta minúsculo, quase do tamanho dele, em companhia duma rosa. Esta história é narrada por ele à nova parceira, que se esquece de estudar e mergulha de cabeça na aventura repleta de lições de moral, a boa cumplicidade e, sobretudo, amor.
A animação, pra mim a favorita a conquistar o Oscar 2016 em sua categoria, melhor até do que o tão elogiado, de forma merecida, ‘Divertidamente’ (2015), mistura os traços comuns do desenho com os ‘stop motions’, cativa– verbo mais famoso em ‘O Pequeno Príncipe’ –porque é belamente construído e consegue prender a atenção tanto de crianças como de adultos. Os personagens são carismáticos, e, sobretudo o velhinho, parece o avô que qualquer um gostaria de ter. Leve o seu filho a assistir. Você não vai se arrepender. Em uma época em que tudo parece fadado ao descartável, ter a oportunidade de ficar frente a frente com um trabalho tão esmerado é raro. Mark Osborne acertou a mão. Nota 10.