O erro de Porchat (publicado originalmente em 18/8/2015)

Em maio publiquei aqui o texto ‘O acerto de Porchat’, sobre o filme ‘Entre Abelhas’. Bem feito e bem escrito, a trama rendeu elogios ao comediante. Hoje o alvo é ‘Meu Passado me Condena 2’, ainda em cartaz nos nossos cinemas brasileiros. Fábio Porchat não deveria pensar que sabe fazer rir. É um erro crasso, grave. Ele não sabe. Não assisti ao primeiro ‘Meu Passado me Condena’, inspirado na série de TV da Multishow. Na continuação, ele e Miá Mello estão casados há 3 anos e enfrentam dificuldades na relação. Tudo está prestes a acabar quando Fábio é informado do falecimento da avó, que vivia em Portugal. O casal parte pra lá com pretexto de reavaliar o seu próprio cotidiano. E as coisas não saem como o previsto. Ele se envolve com a portuguesa Ritinha (Mafalda Pinto), amiga se infância, e ela é tentada por Álvaro (Ricardo Pereira), um dos funcionários da fazenda do avô Nuno (Antônio Pedro).

F. Porchat, expert nos stand ups, força a barra em todas – sim, todas – as cenas de ‘Meu Passado me Condena 2’. Está exagerado, performático ao extremo, e isso faz com que a graça e o riso lhe escapem pelos dedos. E o público percebe tais excessos. As piadas sobre o casamento são repetitivas e acabam condenadas ao buraco do mau gosto. Miá Mello atreve-se pouco tal a overdose de gritaria do parceiro de cena. Mostra-se mais adulta no personagem e na interpretação... Além disso, possui mais carisma que ele. Esta conta se fecha assim que os minutos do longa são exibidos. O curioso é notar o talento de Porchat nos momentos ‘dramáticos’ da história. Quando ele fecha a cara, diz o texto a sério e age de maneira menos abusada, se sai melhor. Porém, se ele competisse com seus demais colegas de set, perderia de lavada, seja com Mello, Pedro, Pereira ou Mafalda. Parece que o quarteto o sustenta ali.

Já escrevi sobre isso outras vezes, repito agora: a safra de humoristas brasileiros não é tão boa assim como prega a Globo Filmes, detentora dos lançamentos de muitas das fitas nacionais. Os artistas não têm poder intelectual, por exemplo, como os antigos tinham. Porque a mudança? É a culpa do povo?

Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 17/08/2015
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