Baciada (publicado originalmente em 11/8/2015)
O saldo das férias escolares é taxativo: sucessão de animações nos cinemas, ao deleite dos pequenos e pequenas com idades variadas entre 5 e 90 anos. Exageros à parte, se na semana passada tratei aqui do rebuscado ‘DivertidaMente’, hoje o alvo é ‘Minions’, braço de ‘Meu Malvado Favorito’ (2010), que ganhou seu próprio longa-metragem. Tanto ‘DivertidaMente’ como ‘Minions’ estrearam entre junho e julho. O primeiro fez tanto alarde que sem querer ofuscou o segundo, até por este ser de qualidade menor. Parece que os diretores e o roteirista dos bonequinhos amarelos aspiraram apenas compor a tela grande, sem se importar tanto com a história. Apesar de alguns retoques irônicos (e só os adultos entendem), ‘Minions’ é só o raso ‘cumprir a missão’ a alegrar criança sem necessidade de fazer força.
A trama percorre momentos históricos dos amarelinhos ávidos por buscar descortês a quem possam seguir, desde os dinossauros. Aí para em 1968 em Londres e por intermináveis confusões, um alheio concurso de malvadezas comandado pela superfera Scarlett Overkill e a perseguição à rainha inglesa, com direito a roubo de coroa e agressões da senhora Elizabeth II. No fim das contas, o que sobra é o curioso modo de falar dos minions, as gracinhas que um faz com o outro e a febre que dominou todos os fãs dos personagens. Porém, na temporada de baciada, a correria das crianças em ver os desenhos é ultrajante. Pierre Coffin, o diretor, esteve à frente dos dois ‘Meu Malvado Favorito’ (10-13) e parece que perdeu a mão. Deve ter pensado: ‘qualquer script segura o sucesso dos minions’. E não foi assim.
Fica imprudente se tentarmos comparar ‘Minions’ com ‘DivertidaMente’, insisto. Talvez tenha sido a falta de sorte dos amarelos estar em cartaz ao mesmo tempo em que a turma cerebral da garotinha. Se nada pode ficar pior, algumas semanas atrás rodou na internet o boato de que os minions ‘teriam sido’ inspirados nos nazistas. Com foto como provas, inclusive. Mas com o verbo neste tempo se pode imaginar as consequências. Os seguidores de Gru (o vilão de ‘Meu Malvado Favorito’) nada têm a ver com os correligionários do führer. Calcular o estrago feito é tarefa árdua e a craques. Eu não sou um.