1933 - Grande Hotel
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Em 1933, o grande vencedor,GRANDE HOTEL, surpreendeu ao não ser uma grande produção (o que vinha acontecendo nas quatro primeiras edições do prêmio) e levar às telonas alguns dos maiores astros da época juntos, num mesmo filme, como Joan Crawford, Greta Garbo e os irmãos John e Lionel Barrymore. A trama é simples, limitando-se a revelar os problemas existenciais vividos por vários hóspedes do hotel mais requintado de Berlim, o GRAND HOTEL. 
 
Marco do cinema, Grande Hotel inova ao conciliar diversas histórias numa só, numa produção cortada, na qual os diversos conflitos são muito bem ligados através de cortes estratégicos e inéditos, numa transição que lembra muito uma apresentação de slides (uma linha atravessa a tela, enquanto muda-se de cena). Além desta inovação, não há mais a utilização de telas de legenda, seja para substituir a falta de oralidade (como no cinema mudo) ou para dividir atos da história. Esta habilidade revela a evolução do cinema, uma vez que privilegia-se as falas ao invés das imagens, valorizando o espectador, seu entendimento, suas conclusões. 
 
Apesar do ceticismo do Dr. Otternschlag (Lewis Stone), que abre e fecha o filme com a frase GRANDE HOTEL, as pessoas vêm e vão, e nada acontece”, o diretor Edmund Goulding o contradiz, mostrando histórias que se entrelaçam, formando uma rede interativa, que traz o eterno cansaço da dançarina frustrada Grusinskaya (Greta Garbo, já famosa), que se envolve com o impostor Baron Felix von Geiger (John Barrymore), ladrão de hotéis que, deslumbrado com a riqueza da cantora, busca uma forma de ludibriá-la, seduzindo-a (forma de estreitar contatos, afim de roubá-la). 
 
O suposto barão consegue seduzir a estenógrafa Flaemmchen (Joan Crawford), que está no hotel trabalhando para o rico empresário Preysing (Wallace Beery) que, por sua vez, tenta reanimar suas empresas, por meio de um contrato com uma rede têxtil. Um de seus empregados, Otto Kringelein, descobre estar nos últimos dias de vida, e resolve “viver”, o que nunca havia feito antes, se hospedando no melhor quarto do MELHOR HOTEL da cidade. Todas estas histórias se entrelaçam, num retrato da elite americana pós depressão de 1929. 
 
As interpretações brilhantes de Garbo, Crawford e Barrymore são o destaque do filme, o que, possivelmente, tenha permitido sua vitória, já que, pela primeira e única vez na história do cinema,GRANDE HOTEL não foi indicado a nenhuma outra categoria a não ser a de Melhor Filme (que acabou levando). Especulações dizem que a Metro (produtora do filme) insistiu num pesado esquema de marketing (com o argumento da reunião de vários astros numa única produção), o que pesou na hora da escolha da Academia. 
 
Comparando com os outros vencedores,GRANDE HOTEL realmente é superior, tanto no roteiro, quanto na resolução das imagens e também nas interpretações, maravilhosamente representadas por artistas consagrados da época. OBS: a inflação dos egos foi tamanha que o diretor foi obrigado a não juntar Garbo e Crawford numa mesma cena, pois as duas brigariam, em busca de maior destaque. 
 
Um destaque que deve ser observado são as sequências nas quais as recepcionistas do HOTEL SÃO filmadas de cima, apresentando o embrião do hoje conhecido telemarketing. Um primor que introduz, divide e encerra a história. Acredito que o diretor quis que o espectador relacionasse as várias vozes, as ligações contínuas de fios e os inúmeros telefones tocando ao mesmo tempo com a frutilidade do que acontece naquele ambiente todos os dias. 
 
 
Neste ano, foram oito os indicados na categoria de Melhor Filme: além do filme vencedor, Depois do Casamento, Médico e Amante, O Campeão, O Expresso de Shangai, O Tenente Sedutor, Sede de Escândalo e Uma Hora Contigo. 
 
GRANDE HOTEL -GRAND HOTEL 
LANÇAMENTO: 1932 (EUA) 
DIREÇÃO: EDMUND GOULDING 
GÊNERO: DRAMA