Ora, bolas, Cinderela! (publicado originalmente em 7/4/2015)

‘Cinderela’ talvez não sirva nem para a criancinha mais inocente assistir. A proposta da madrasta de Cate Blanchett é tão ou mais pobre do que a falta de expressão da protagonista interpretada por Lily James. Nada coaduna na trama, nem Richard Madden como o príncipe encantado. Ora, bolas...

A tal Cinderela (Ella, no filme) não sofre nadica de nada. É um ponto relevante. A malvada Lady Tremaine (Cate) assusta pouco e comparar este longa que estreou na semana passada com clássico desenho da Disney de 1950 é mais do que covardia. Assim como ocorre com as adaptações de ‘Branca de Neve e os Sete Anões’ (1937). Hollywood adaptou história da menina que perde o sapatinho de cristal várias vezes. É só explorar o Google e você achará. ‘Cinderela’ de 2015 só servirá para arrecadar o dinheiro.

Agora, assopro. Helena Bonham Carter, a eterna participante dos filmes de Tim Burton, dá vida para a Fada Madrinha e não compromete. Ao contrário. Ampara a fita pelo menos nos momentos em que surge em cena. O diretor é o também ator Kenneth Branagh, o mesmo de ‘Thor’ (2011) e a ‘Operação Sombra’ (2014). Claro, não poderia dar certo. O roteiro de Chris Weitz é fraco, arranha praticamente 100% da produção e deixa a desejar no quesito criatividade...

Qualquer que seja a história infantil de categoria boa deve-se tomar bastante cuidado ao adaptá-la à telona. Este esmero está longe aqui. Em pouco mais de 90 minutos conta-se a historinha, fraca, e termina por aí. A necessidade de se moldar a fase infantil por meio de obras como essa é extrema. Pena que ‘Cinderela’ fique aquém de tudo isso. Trata-se de mais um blockbuster em busca de fácil audiência e aceitação, além de grana. Há sucesso desejado.

As salas de cinema estão lotadas e ‘Cinderela’ lidera as bilheterias. É difícil. Fazer filmes de cunho infantil, como escrevi no parágrafo anterior, é tarefa das mais cruéis porque precisa amarrar o público de uma maneira, digamos, construtiva, e não ‘molenga’. ‘Cinderela’ não cumpre sequer 20% do objetivo.

E argumentar que o público de menor idade é pouco exigente é conversa superfiada, ou usada para deturpar a imagem que temos. Triste notar que cada vez mais o cinema se transforma em uma arma contra o próprio cinema. Refiro-me ao cinema de outrora, aquele que você está pensando, dos grandes mitos, dos atores e atrizes legendários, onde os diretores eram tratados como ‘mágicos’.

Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 07/04/2015
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