De Branca de Neve a Merida: a evolução das princesas

Quem assistiu a Valente, cujo protagonista é a destemida princesa Merida, pode se dar conta da evolução das princesas no mundo cinematográfico da Disney. Da frágil e suave Branca de Neve à impetuosa princesa de rebeldes cabelos ruivos, vimos que as princesas da Disney têm mudado sua forma de agir no desenrolar das histórias que protagonizam. Se virmos bem, concluiremos que as primeiras princesas, que eram Branca de Neve, Cinderela e a Bela Adormecida, praticamente, tinham papéis passivos, dependendo exclusivamente do príncipe para tirá-las de uma situação de humilhação (Cinderela) ou despertá-las (A Bela Adormecida e Branca de Neve). Embora isso encante crianças e adultos há gerações, sempre despertou controvérsias e irritação de grupos feministas.

Posteriormente, vimos surgirem heroínas mais ativas, como Ariel, de A pequena sereia, que luta por seu amor, Bela, de A Bela e A Fera, que é quem tem que salvar o príncipe que está preso no corpo monstruoso da Fera e Jasmine, que se apaixona pelo pobre Aladdin. Ainda assim, essas princesas ainda tinham maneiras muito suaves e delicadas, eram sonhadoras e queriam encontrar um amor para ser felizes.

Merida é um caso inédito. Ela não sente necessidade de encontrar o amor para ser feliz, não é suave e delicada, mas forte e impetuosa e não deseja casar, mas viver livremente. Ela não chama a atenção pela aparência e maneiras, mas pela coragem e vontade de se afirmar como um indivíduo, não querendo sacrificar sua felicidade pessoal em benefício de tradições. Seu cabelo ruivo e rebelde é o retrato da sua personalidade fogosa e livre. Ao afirmar seu desejo de não casar, Merida desafia os pais, causa confusão e, posteriormente, terá que arcar com as consequências do seu ato de rebeldia. Na tentativa de desfazer o que seu ato provocou, ela vai amadurecendo e vendo que todos os nossos atos têm consequências, indo atrás de solucionar, cometendo erros e descobrindo, por si mesma, que caminhos deve seguir. No desenrolar da história, vamos vendo que Merida pode dar início a uma nova geração de heroínas: as que assumem a responsabilidade pelo seu destino e não sentem necessidade de encontrar um homem que cuide delas, porque se sentem perfeitamente capazes de vencer os desafios da vida e cuidar de si mesmas.