GRAVIDADE 2013 Critica de Filme
GRAVIDADE 2013 Critica de Filme
Paulo Sergio Larios
Alguém comparou o filme Gravidade, de Cuarón, 2013, com “2001 uma Odisséia no Espaço”. Há quem disse que esse filme é um outro marco do cinema, sendo que é o novo “2001”. E novamente, disseram que Gravidade é tão revolucionário quanto o foi 2001, de Kubrick. Fica assim inveitável, então falar de um e de outro.
Gravidade acabou de estreiar e diga-se que visualmente é um espetáculo grandioso. O filme tem algo que o cinema chama de revolução: uma grande cena em que a câmera não muda. Realmente é de ficar com o queixo caído com a técnica alcançada, mas, ainda é técnica.
Me chama demais a atenção o fato de que a critica, quase unânime, dá nota máxima a esse filme. Eu consigo entender perfeitamente a critica. Me lembro que estudei o assunto com Piratas do Caribe. O primeiro filme foi revolucionário e ninguém o esperava, portanto veio com uma força imensa e ganhou muitos prêmios. A critica o louvou. Ai fizeram cntinuações que a critica esculhambou. Qual foi o defeito dos outros filmes? Sendo que eles eram cópias quase exatas do primeiro, portanto ganharam milhões de dólares. Exatamente esse era o problema, eram cópias exatas e nada acresceram de novo. Gravidade tem uma cena imensa em que a câmera parece acompanhar todos os movimentos dos astronautas e realmente eu não sei como fizeram aquilo. Só que um único fato não pode ser gerador de tanta critica boa assim. Só isso é suficiente para igualar a 2001? Eu acho que não.
Pra mim, que sou apenas um cara que gosta de assistir filmes, Gravidade é um filme de mediano pra fraco. Eu não o assistiria duas vezes, pela história, talvez pelo visual sim, mas não passaria muito disso. O que sobra de visual falta de história. Pelo trailer sabe-se que numa estaca orbital americana algo deu errado e os astronautas ficaram a deriva no espaço – é isso é assustador! ...e só! Metade do filme mostrou eles à deriva e a outra metade mostrou como resgatar esse povo de novo. Pra mim, faltou história e muita história. O filme é visual e só isso. Eu nem diria nada, se não o comparassem a 2001, uma Odisséia, mas como estão fazendo essa barbaridade, então me manifesto. E mesmo que eu fale, bem ou não de Gravidade, é o filme do momento e todos vão assistir, de qualquer jeito. Só não tenha grandes expectativas e ai vai bem.
O que faz um clássico? Um clássico do cinema é aquele filme que você assiste várias vezes e sempre terá uma nova leitura. Parece que o filme amadurececom você, ou é você que amadurece com ele. Eu entendo isso perfeitamente, pois sou um leitor assíduo da Bíblia. Os fatos estão lá, mas você não enxergou até estar preparado para ver. Um dos meus filmes preferidos é O Poderoso Chefão, todos, mas principalmente o primeiro. Já o assisti uma sete vezes e em todas extraio algo novamente, aprendo algo. 2001 de Kubrick tem em mim o mesmo efeito. Vamos a uma prévia do filme.
2001 é dividido em algumas partes e o que une todas é o descobrimento de um monólito, uma espécie de placa de metal de vários metros, de cunho alienígena. Tem-se a impressão de que o monólito tenha sido a influencia que gerou algumas grandes descobertas, como o fogo. Começa na pré-história, com homens das cavernas que descobriram a violência e o fogo. A impressão é que o monólito gerou neles a idéia de uma sociedade e de uma liderança pela violência. A transição entre a primeira parte e a segunda é um osso que acabou de matar um adversário e jogado para o alto vira uma nave espacial, ao som de uma musica clássica grandiloqüente. A segunda parte, contrastando muito com a primeira, que era visual, mas calada, pois os homens pré-históricos não sabiam se comunicar pela fala, contém diálogos muito bons. O diálogo é um artefato que deve empurrar o filme para frente e revelar algo novo. Diálogo só se justifica quando leva o ouvinte para novas revelações. Contrastando com a primeira parte, a segunda é tecnológica ao extremo. Nos idos de 1960, quando não existia muita coisa, o filme fala da Internet, das naves com gravidade artificial, de uma base lunar e de outros aprimoramentos que não existiam na época, como uma enorme nave indo aos confins do espaço – que eu saiba não fizeram isso até hoje. Na terceira parte algo está num dos planetas afastados do Sistema Solar. Se você não assistiu, assista, eu recomendo com louvores.
Dá pra se ver, com uma réles sinopse de 2001, que existe muita história pra contar, aliás sobra história. Gravidade não chega aos pés de 2001 e porque então a critica o está louvando tanto? Justamente porque 2001, assim como outros, ficaram no passado. Tem-se que eleger alguém para herói, mesmo que não o seja, assim um super, no caso “o filme do momento”, escolhido por algum grandão do cinema, é o herói que falta. Alguém tem que assumir o papel de grande, para justificar a existência do cinema.
É inevitável lembrar de Prometeus, que seria a prequel de Alién. Prometeus, como prequél, foi a decepção da década, por isso mesmo, altamente criticado. Mas eu voltei depois, quando a poeira abaixou e fui assitir o filme e ele é muito bom, como um filme de ficção cientifica, mas nunca como prequél de Alién, o Oitavo Passageiro. Observe que eu disse muito bom e é mesmo! A diferença entre Gravidade e Prometheus é que Gravidade não tem história, não acrescenta nada. O maior filme que assisti esse ano, até agora, foi Em Transe, de Danny Boyle, 2013. Um filme de reviravoltas a cada dez minutos. Esse, assim como A Origem de Cristopher Nolan, 2010 merece ser visto várias vezes, pra entender direito. São filmes com camadas, e camadas densas.
Enfim, Gravidade é o filme do momento e é lógico que você vai assistir. O impacto será menor se você o ver apenas como mais um filme e não como a revolução do cinema, pois não é. Se o assistir no cinema então, com alguém especial do lado, com um balde de pipocas e uma Coca no jeito, ai dá pra levar.
Aliás eu recomendo assistir 2001 uma Odisséia no Espaço.